Estilo de vida
21/06/2022 às 13:00•3 min de leitura
Até a perda da consciência, e para se iniciar o processo de dano cerebral, o ser humano só consegue sobreviver sem oxigênio por 4 minutos, sendo que a morte pode ocorrer em até 6 minutos depois, dando início à falha dos processos biológicos que alimentam as células do corpo.
“A perda de oxigênio está bem no extremo da sobrevivência. O corpo humano não tem um grande estoque de oxigênio, apenas alguns litros, e como você o usa depende de sua taxa metabólica”, explicou Mike Tipton, chefe do laboratório de ambientes extremos da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, em entrevista à BBC Future.
Segundo Tipton, um adulto em repouso usa entre um quinto a um quarto de litro de oxigênio a cada minuto, podendo aumentar para quatro litros por minuto se estiver fazendo algum tipo de atividade. O pânico e estresse são fatores que contribuem no aumento da taxa metabólica, por isso, por exemplo, as pessoas não conseguem sobreviver nem pelo mínimo que seu corpo pode suportar sem ar debaixo d’água.
Um estudo publicado em março de 2021 na Nature Geoscience, cientistas previram que em cerca de um bilhão de anos, a Terra não terá mais oxigênio, transformando o planeta em uma grande bola de rocha estéril. Como será quando isso acontecer?
(Fonte: LiveScience/Reprodução)
Um artigo científico de 31 páginas elaborado por especialistas da Universidade Cornell, publicado no jornal Astrobiology, revelou que o processo da Terra ficar sem ar será lento e gradual, e não de um dia para o outro. Isso faz parte de seu próprio passado, afinal, o planeta não possuía oxigênio no princípio.
Após 3,8 bilhões de anos, quando a superfície esfriou o suficiente para se tornar sólida, a vida mais precoce surgiu só alguns milhões de anos depois. Contudo, a atmosfera ainda não passava de uma mistura nociva de gases, como metano e amônia, hoje letais para a vida humana. A ciência acredita que o oxigênio se formou nos oceanos como um subproduto das cianobactérias durante o processo de fotossíntese.
No momento em que o ar foi preenchido com o elemento, ocorreu o chamado Grande Evento de Oxidação, uma catástrofe que tornou o ar mortal com o excesso de oxigênio, deixando uma faixa de ferrugem presa no registro geológico devido ao superenriquecimento.
O Sol foi responsável por moldar a atmosfera do planeta no que é hoje, ajudando no processo de criação de vida complexa. Contudo, ironicamente, é ele quem pode acabar matando a Terra no futuro.
(Fonte: New Scientist/Reprodução)
Antes que o Sol entre em seus estágios finais de vida, se transformando em uma enorme estrela vermelha que devorará Mercúrio e Vênus antes de carbonizar tudo o que há pelo seu caminho, a Terra já terá sido destruída pelo seu calor.
Julianna Sackmann e Kathleen Kraemer, do Instituto de Tecnologia da Universidade de Toronto, mostraram em seu estudo indicado pela New Scientist, que desde que o Sol acendeu, há 4,5 bilhões anos, se tornou 30% mais brilhante. Nos próximos bilhões de anos, deve clarear mais 10%, o que será demais para o nosso planeta, que pode levar o mesmo destino fumegante, árido e asfixiante que Vênus.
O oxigênio começará a ser afetado pelo Sol devido às rochas, responsáveis por regular o ambiente através do ciclo carbonato-silicato, mudando entre a atmosfera e os minerais de carbonato. Este será interrompido pelos altos níveis de incidência solar, que fará com que as rochas do planeta absorvam mais CO2 do que devolvem.
(Fonte: Time/Reprodução)
Ainda que de maneira muito lenta, conforme mais dióxido de carbono ficar preso nas rochas, a atmosfera da Terra terá menos para que as plantas realizem a fotossíntese, ou seja, resultando em uma baixa catastrófica nos índices de oxigênio do mundo. Esse será o início do fim para as florestas, que morrerão pelo excesso de luz, criando um deserto de galhos na superfície do planeta.
Os oceanos serão os únicos que sustentarão o processo de fotossíntese por mais tempo, porém, não serão páreos para a quentura dos raios solares. Sendo assim, eles entrarão em um estado conhecido como "estufa úmida", um efeito climático de evaporação considerado uma sentença de morte para um planeta.
Existe um debate longo de ideias divergentes se a humanidade durará tempo o suficiente para assistir à morte do planeta. Nós teríamos que sobreviver mil vez mais para isso, sendo que até lá já serão 300 mil anos na Terra.
Contudo, ainda que isso aconteça, a civilização do momento, certamente, já terá recursos e inteligência suficientes para se mudar para algum outro canto do Sistema Solar ou além dele.