Estilo de vida
23/08/2022 às 12:00•2 min de leitura
A base da boa gastronomia está no uso adequado de temperos. O que pouca gente tem conhecimento é que alguns destes ingredientes possuem efeitos documentados sobre o cérebro. Séculos atrás, o termo droga também era uma maneira que portugueses, espanhóis e franceses utilizavam para se referir a especiarias oriundas das Índias Orientais e Ocidentais.
Palavra de origem francesa, droga passou a ser usado para designar ingredientes da tinturaria, química e farmacêutica durante a Idade Moderna. No mesmo período, sua versão em plural era associada às especiarias. E elas foram importantes em moldar a história da humanidade. Conheça 5 temperos que dão "barato".
(Fonte: Unsplash)
A baunilha é obtida de orquídeas do gênero Vanilla, nativas do México, cultivadas pelos povos mesoamericanos pré-colombianos, mas levada para a Europa no século XVI, junto com o cacau. Maias e astecas a consumiam em conjunto com o cacau, resultando no aumento da anandamida, que resultava em uma sensação de euforia ou canabinoide.
A anandamida é um canabinoide produzido pelo nosso corpo que, tal qual o THC, se liga aos nossos receptores canabinoides e produz efeitos como redução da ansiedade e melhoria do humor. Logo se vê que maias e astecas sabiam se divertir.
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A pimenta-do-reino (também conhecida como pimenta-preta) é uma das especiarias mais antigas conhecidas pela humanidade. Quando seus grãos são secos e moídos, podem ser utilizados na culinária, acrescentando um sabor forte e picante, oriundo do composto presente em sua fórmula, a piperina.
Foi tradicionalmente utilizada para tratar problemas gástricos, de pele e de sono, mas também para criar sensação de calma, em virtude de seus efeitos alucinógenos. Isso, é claro, em tempos remotos, quando o calor produzido pela pimenta-do-reino era mais intenso do que hoje. Àquela época, mastigá-la liberava terpenos capazes de estimular a liberação de anandamida e reduzir a depressão.
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O açafrão é uma planta da família das iridáceas, usada como um ingrediente culinário no Mediterrâneo desde os tempos antigos, mas também como corante. Por séculos, foi considerado um poderoso afrodisíaco, com relatos de que era utilizado para melhorar a fertilidade.
Na Idade Média, o açafrão foi utilizado para aguçar os sentidos e colocar em estado de transe. Já na Idade Moderna, fumava-se a planta para tentar simular efeitos do ópio. Em países como a China, utiliza-se o açafrão no tratamento da depressão, já que ele é capaz de aumentar a dopamina e o glutamato, reduzindo o mal-estar.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Obtida a partir da casa de diferentes espécies de árvores do gênero Cinnamomum, a canela é uma especiaria/tempero muito usado em alimentos doces. Já no Egito Antigo, combinavam a canela com óleo de cannabis para fazer massagens que, diziam, eram capazes de conectar os receptores com as divindades.
Estudos contemporâneos demonstraram que a canela, por meio de substâncias presentes em sua composição, é capaz de ter efeitos psicoativos, especialmente quando combinado com outros produtos, como a cannabis. Uma espécie de canela, a do Ceilão, tem conhecido potencial como antidepressivo e ansiolítico.
(Fonte: Wikimedia Commons)
A noz-moscada também tem um longo histórico de uso gastronômico - e para dar barato. Há relatos que apontam, por exemplo, que Nostradamus teria o hábito de ingerir grandes quantidades do tempero para atingir um estado de transe. Inclusive, seriam destes momentos as famosas previsões dele.
No século XII, estudantes, músicos e prisioneiros utilizavam a noz-moscada como alternativa à maconha, pois ela é capaz de estimular os receptores endocanabinoides e inibir a quebra de dopamina, serotonina e adrenalina. Mas nem pense em fazer uso, pois seus eventuais efeitos colaterais envolvem boca seca, tontura, vômitos e delírios.