Valentina Tereshkova: a primeira mulher da história no espaço

03/10/2022 às 12:002 min de leitura

Nascida em um vilarejo pobre 320 quilômetros ao norte de Moscou, Valentina Tereshkova superou inúmeras adversidades na vida: a falta de água e eletricidade na casa, a fome e a perda do pai na Segunda Guerra Mundial. Todavia, seu empenho nos estudos a levou a obter um diploma de engenharia em 1960.

Apenas três anos depois, ela se tornou não apenas a primeira cosmonauta soviética a ir ao espaço, mas a pioneira em toda a história da humanidade, 20 anos antes de Sally Ride se tornar a primeira norte-americana a realizar o mesmo feito. Uma conquista marcante em um cenário que ambos os países fizeram uma "corrida espacial".

Da vila pobre ao aeroclube

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Valentina nasceu em março de 1937 em Bolshoye Maslennikovo. Antes de perder o pai no combate com os nazistas, viu ele e sua mãe trabalharem por anos em uma fazenda coletiva. Após a perda de seu genitor, ela viveu se dividindo entre ajudar a mãe e estudar, ao menos até seus 16 anos. Nesta fase, abandonou os estudos e iniciou uma carreira em uma indústria têxtil.

Incentivada pela mãe, estudou por correspondência. Foi no tempo de fábrica que ingressou no Partido Comunista, onde acabou se interessando por paraquedismo. Em 1958, se juntou a um aeroclube e iniciou um treinamento para ser uma paraquedista. Começou a acompanhar o trabalho de Yuri Gagarin, o primeiro ser humano a ir ao espaço.

A admiração pelo astronauta crescia, servindo de motivação para a jovem, que escreveu ao governo soviético se voluntariando para ser uma cosmonauta. Em dezembro de 1961, tornou-se uma das cinco mulheres selecionadas para o projeto.

Da inspiração em Yuri Gagarin ao espaço

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

A ida ao espaço de Gagarin motivou uma geração de soviéticos, que enxergaram no feito a demonstração de poder de sua nação. Ao ingressar no programa espacial, Valentina tinha o cosmonauta como ídolo e inspiração. Seus 160 saltos como paraquedista foram decisivos para que fosse aceita no programa, já que não tinha nenhuma experiência como piloto.

Durante 18 meses, Tereshkova foi treinada em um curso rigoroso, que envolvia simulação de voos e ginástica para fortalecer o corpo. Em junho de 1963, foi escolhida para comandar sozinha o Vostok 6. No espaço, foram cerca de 70 horas e 48 órbitas na Terra. Um erro no software de navegação automática quase causou um acidente em seu retorno ao planeta.

A missão ter sido bem-sucedida foi um grande golpe nos norte-americanos, que estavam na corrida espacial contra os soviéticos. Ela nunca mais voltou ao espaço e passou o resto de sua vida na luta pelos direitos das mulheres e à pesquisa espacial.

O controverso apoio a Putin

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Atualmente com 85 anos, Valentina Tereshkova não atua mais com pesquisa espacial desde 1997, já que o colapso da União Soviética levou ao fim dos incentivos e à perda de sua posição política. Em 2011, concorreu a uma cadeira no parlamento russo, sendo eleita pelo mesmo partido do presidente Vladimir Putin.

Ela entrou em rota de colisão com as pessoas que a admiravam quando, em 2020, apoiou uma emenda constitucional que poderia manter o atual presidente no poder até 2036. Ela segue apoiando seu governo, o que coloca em xeque seu histórico de heroína da nação, ao menos para alguns russos.

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