Estilo de vida
17/01/2023 às 10:00•2 min de leitura
Pesquisadores da Universidade de Florença, Itália, detectaram um novo artefato capaz de mudar os estudos atuais sobre materiais atômicos. No Parque Nacional SandHills, Estados Unidos, um quasicristal com propriedades inéditas foi identificado em uma área de dunas e pode ser o primeiro do gênero a ter origem por meio de fenômenos naturais.
O sólido foi criado através de um tubo de “relâmpago fossilizado” e quebra as regras tradicionais da categoria, visto que até então ele tinha sido identificado apenas em meteoritos e em locais de teste de bombas atômicas. Seu primeiro relato ocorreu em 1984, quando cientistas acreditaram consistir de materiais com padrões cristalinos ou amorfos — desarranjados e desordenados aleatoriamente.
Curiosamente, estudos da área comprovaram que os pesquisadores estavam equivocados. Isso porque eles são ordenados e não possuem simetria em um número limitado de vezes quando girados em torno do eixo. Dessa forma, os materiais foram designados como rotacionais e capazes de exibir padrões diferentes para uma quantidade variada de linhas de junção — por exemplo, pode exibir simetria quíntupla em torno de seis linhas diferentes de rotação.
Paul Steinhardt, físico teórico da Universidade de Princeton, EUA, e Luca Bindi, geocientista da Universidade de Florença, na Itália, que identificaram um quasicristal em um meteorito que caiu na península de Kamchatka, no nordeste da Rússia, em meados de 2012, deram mais detalhes sobre o achado. Segundo eles, uma resposta para a formação natural desses minérios seria o impacto de raios em solo arenoso, constituindo os materiais conhecidos como fulguritos.
(Fonte: Live Science / Reprodução)
Os fulguritos são produtos formados quando um raio atinge a areia, fundindo os grãos em uma espécie de tubo de vidro retorcido e ramificado quando há o encontro com metais como manganês, silício, cromo, alumínio e níquel. O caso recente consiste em um produto derivado de uma tempestade ocorrida em 2008 e resultou em uma peça fossilizada de dois metros de comprimento e cerca de oito centímetros de diâmetro. Como esse evento não foi testemunhado, é impossível saber como a descarga elétrica teve participação direta.
Através de um microscópio de varredura, os pesquisadores encontraram um cristal de 12 lados e 12 ângulos embutido na fulgurita. Fundido a mais de 1.700 °C, esse material destacou uma simetria rara de 12 dobras, visto que os identificados em meteoritos consistiam em quasicristais com simetria icosaédrica — de 10 vezes. Com isso, foi possível concluir que a caça a tais minerais pode contribuir com pesquisas ainda mais impactantes no departamento.
(Fonte: Live Science / Reprodução)
“Isso demonstra que as condições transitórias de pressão e temperatura extremas são adequadas para a síntese de quasicristais”, disse Bindi. Dessa forma, os próximos estudos podem trazer mais resultados sobre as possibilidades de locais formadores dos minerais, como vidros resultantes de impacto de grandes meteoritos na Terra ou em pontos de colisão na superfície lunar.
Dan Shechtman, contemplado com o Prêmio Nobel na década de 1980, afirmou que esses artefatos possuem amplas utilizações em vários setores industriais. Caso eles existam em uma quantidade satisfatória na Terra, será possível dar continuidade a estudos de replicação em laboratórios para expandir o conhecimento sobre os minerais e buscar alternativas de solução social no futuro.