Ciência
05/03/2023 às 06:00•3 min de leitura
No último 6 de fevereiro, o mundo parou com a notícia do terremoto que atingiu o sul e o centro da Turquia, a 34 km a oeste da cidade de Gaziantep, bem como o norte e oeste da Síria. Às 4h17, a terra sofreu um abalo que atingiu 7,8 na Escala Richter, configurando o terremoto mais forte que já atingiu o país desde 1939, e se enquadrando como o segundo mais forte na história, após o terremoto de 1668 no norte da Anatólia.
É o terremoto mais mortal em todo o mundo desde o que destruiu o Haiti em 2010, sentido no Egito, Israel, Palestina, Líbano, Chipre e na costa do Mar Negro da Turquia.
Seguido por mais de 2 mil tremores secundários, até o momento, a catástrofe já reuniu mais de 42 mil mortes, das quais 36.100 aconteceram em solo turco e 5.800 na Síria. Para piorar, uma grande tempestade de inverno derrubou a temperatura, prejudicando os esforços de resgate com o acúmulo de neve nos escombros.
Estima-se que o terremoto tenha causado danos no valor de US$ 81 bilhões, se enquadrando como o quarto terremoto mais caro já registrado. A magnitude do evento mortífero fez o mundo repensar novamente: é possível um terremoto destruir o planeta?
(Fonte: Mehmet Kacmaz/Getty Images)
Para entender essa possibilidade, primeiro, é preciso recorrer à Escala Richter, criada em 1935 por Charles F. Richter, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, como um dispositivo matemático para comparar o tamanho e magnitude de um terremoto.
A escala é logarítmica de base 10, ou seja, cada ordem de magnitude é dez vezes mais intensa do que a última. Por exemplo, um terremoto de magnitude 2 é dez vezes mais intenso que 1, sendo que um de 3 é 100 vezes maior.
Esse aumento está associado com a amplitude da onda. Em outras palavras, a amplitude da onda em um terremoto de nível 6 é dez vezes maior do que um terremoto de nível 5. A quantidade de energia liberada aumenta 31,7 vezes entre os valores do número inteiro.
(Fonte: Getty Images)
O tamanho de um terremoto está associado não somente a uma função da quantidade de deslocamento, mas também da zona de plano de falha que se rompe. Quanto maior é a área de ruptura, maior é o terremoto. Um terremoto de magnitude 7 rompe uma zona de falha de cerca de 1000 km². Com isso, deve se considerar também o fator profundidade no núcleo sólido da Terra, que influencia na gravidade do abalo.
Quanto mais profundo o tremor, mais poderoso ele é, portanto, muito menos provável que atinja a superfície. Por si só, isso já explicaria a possibilidade. Os danos mortais que um terremoto causa é devido ao quão raso acontecem, porque os danos às estruturas superfícies são mais possíveis.
O terremoto que atingiu o Chile em 1960, com magnitude 9,5 na escala, foi o mesmo que destruiu o Japão em 2011, fazendo jus ao seu período de 50 anos para acontecer.
(Fonte: Shutterstock)
Todos esses terremotos são chamados de megassismos e só acontecem em zonas de subducção, nas fronteiras entre as placas tectônicas, onde uma placa desliza para debaixo de outra.
Um tremor de magnitude 10 ou, principalmente, superior a isso, não pode acontecer devido a sua relação com o comprimento da falha em que ocorre. As redes de falhas geralmente tem menos de 80 quilômetros de profundidade, podendo chegar no máximo a 600 quilômetros. A falha nada mais é que uma ruptura nas rochas que compõem a crosta terrestre, ao longo da qual as rochas de ambos os lados se movem umas sobre as outras. Não se conhece nenhuma falha longa o suficiente para gerar um terremoto de magnitude 10.
(Fonte: Karsten Schneider/Science Photo Library)
Portanto, um megaterremoto poderia abrir a crosta terrestre e dividir o planeta ao meio? Bem, até onde os geólogos podem dizer, não. A maior parte do manto inferior, que fica entre a crosta e o núcleo da Terra, é tão sólido e quente que seria cientificamente impossível rompê-lo. E, ainda que tentasse, a pressurização que existe faria o material do manto se apressar para preencher a menor lacuna, sendo que o choque em si seria absorvido.
Mas não se engane, é possível criar megaimpulsos em um terremoto artificial que poderiam penetrar a crosta da terra. A quantidade de energia, porém, é quase impossível de ser fabricada.