Estilo de vida
14/04/2023 às 11:00•2 min de leitura
As leis da física são alguns dos princípios mais fundamentais que governam nosso universo, contudo existem alguns objetos no espaço sideral que parecem estar além de algumas delas.
Isso se refere a fontes ultraluminosas de raios-X (em inglês ultraluminous X-ray sources, ou ULXs), descobertas inicialmente em 1980, e capazes de emitir cerca de 10 milhões de vezes mais energia que o sol. Esses corpos surpreendem por quebrarem o Limite de Eddington, que determina o quão brilhante algo de um determinado tamanho pode ser. No entanto, elas excedem regularmente esse valor de 100 a 500 vezes, algo que vem deixando os cientistas perplexos.
(Fonte: NASA/JPL-Caltech/Reprodução)
Em um estudo recente publicado no Jornal de Astrofísica, os cientistas usaram o satélite NuSTAR da NASA para observar uma fonte em particular, conhecida como M82 X-2, e confirmaram que ela está realmente desafiando a tal limitação física. Isso é algo de grande importância, porque as teorias anteriores sugeriam que o brilho extremo poderia ser algum tipo de ilusão de ótica.
Até este momento, acreditava-se que as ULXs eram buracos negros, porém a M82 X-2 é uma estrela de nêutrons - o núcleo morto restante de uma estrela como o sol. Esses corpos são incrivelmente densos, com gravidade em sua superfície cerca de 100 trilhões de vezes mais forte que a da Terra, o que significa que qualquer material puxado para ele terá um efeito explosivo.
"Um marshmallow jogado na superfície de uma estrela de nêutrons a atingiria com a energia de mil bombas de hidrogênio", afirma a agência federal de exploração espacial norte-americana.
Um exemplo de estrela de nêutrons encontrada no coração da Nebulosa do Caranguejo. (Fonte: Wikipedia/ESA/Hubble/Reprodução)
De acordo com os dados analisados na nova pesquisa, essa fonte ultraluminosa consome material equivalente à massa de 1,5 do nosso planeta por ano, o que a faz desviar de outra estrela vizinha. E quando esta quantidade atinge sua superfície, causa então o brilho incomum observado, podendo ser uma evidência de que algo está ocorrendo que a permite quebrar o Limite de Eddington.
Os pesquisadores acreditam que o campo magnético intenso da M82 X-2 permite que ela mude a forma de seus átomos e se mantenha íntegra enquanto fica mais luminosa. Essa observação é muito interessante, pois efeitos de campos magnéticos dessa magnitude nunca poderiam ser reproduzidos na Terra com a tecnologia que possuímos atualmente.
"Esta é a beleza da astronomia... não podemos realmente fazer experimentos para obter respostas rápidas; temos que esperar que o universo nos mostre seus segredos", afirmou Matteo Bachetti, principal autor do estudo e astrofísico do Observatório Astronômico de Cagliari, na Itália.