Ciência
17/04/2023 às 04:00•2 min de leitura
Em 1963, ao realizar reformas em sua casa, um homem na cidade de Derinkuyu, na Turquia, se deparou com uma grande surpresa. Atrás da parede de seu porão havia um túnel conectado a uma rede complexa dessas estruturas, que davam para uma infinidade de salões e câmaras de uma vasta cidade subterrânea com 18 andares e 76 metros de profundidade.
Amplo o suficiente para abrigar 20 mil pessoas, o local havia sido abandonado por seus antigos habitantes há muito tempo, e os motivos de sua construção e a identidade dos moradores foi parcialmente revelada pela geologia e história.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Em primeiro lugar, é preciso explicar que Derinkuyu está localizada na famosa Capadócia, uma região no interior do país conhecida pela paisagem incrível repleta de chaminés de fada, formações naturais em formatos de coluna.
Essas torres de pedra são o resultado da erosão do tufo, uma rocha de baixa densidade criada a partir de cinzas vulcânicas. Aprendendo com as ações do vento e chuva, os habitantes cavaram buracos nessas pedras macias por milênios, montando moradias, depósitos, templos e refúgios subterrâneos.
A área conta com diversas dessas construções, com pelo menos 40 apresentando dois andares, mas obviamente, nenhuma é tão imensa quanto a encontrada no porão em reforma.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
A grande construção subterrânea impressiona por sua arquitetura, apresentando mais de 15 mil poços de ventilação, quase todos com 10 centímetros de largura e atingindo o primeiro e o segundo nível, permitindo assim arejar até o oitavo andar.
Enquanto as partes superiores eram utilizadas como áreas comuns e de descanso por conterem um ar mais fresco, as do meio serviam para propósitos diversos, como abrigar animais domésticos, um convento e pequenas igrejas. Já as mais baixas serviam como locais de armazenamento e tinham até uma masmorra.
A cidade também continha muitas fontes hídricas, e um fato interessante é que antes mesmo de ser descoberta, a população de Derinkuyu já utilizava seus poços criados como passagens de ar para retirar água.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Embora não se saiba muito sobre as origens da construção, alguns arqueólogos acreditam que a parte mais antiga do grande complexo foi escavada pelos hititas, povo que dominava a região por volta de 2.000 a.C., ou pelos frígios em 700 a.C. No entanto, outros estudiosos especulam que os responsáveis podem ter sido os cristãos existentes na região durante os primeiros séculos da Era Comum.
Porém, em uma coisa os estudiosos podem concordar: os construtores eram extremamente hábeis, porque embora fosse fácil escavar os túneis no tufo maleável, isso também significava que os riscos de desmoronamento eram maiores, necessitando de pilares de sustentação maciços para evitar desabamentos, o que aparentemente nunca ocorreu nessa cidade subterrânea.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Sobre o objetivo por trás desta obra arquitetônica, a evidência de pedras rolantes utilizadas para selar o local por dentro sugere um esforço para se esconder de exércitos inimigos, algo que teria provado seu valor durante as guerras entre os bizantinos e árabes entre o fim do século VIII até o século XII; os ataques mongóis no século XIV e até mesmo após a região ser conquistada pelos turcos otomanos.
Outra teoria aponta que seria um refúgio ideal para as estações extremas da região, que conta com invernos muito frios e verões extremamente quentes. Por isso, se abrigar abaixo do solo garantiria uma temperatura amena constante, além de armazenar as colheitas em um lugar sem umidade e ainda mantê-las longe de ladrões.
Embora muitos segredos desta cidade subterrânea permaneçam não revelados, ela se tornou uma das maiores atrações turísticas da Capadócia. E realmente é inacreditável pensar que um mundo oculto desta magnitude estava a apenas a uma marretada em uma parede de um porão para ser descoberto.