Mistérios
19/04/2023 às 08:00•2 min de leitura
Se você está à procura do mel mais puro do mundo, se programe para ir à Ilha de Páscoa. É no misterioso território pertencente ao Chile, que fica em uma região longínqua do Oceano Pacífico, que se encontram as abelhas responsáveis por esta produção.
Também conhecida como Rapa Nui e famosa pelos sítios arqueológicos nos quais há centenas de estátuas gigantes, a ilha apresenta uma combinação de fatores que leva os insetos dali a se tornarem os mais saudáveis do planeta. E isso tem influência direta na pureza do mel, que apresenta ainda uma consistência mais líquida e é de difícil cristalização.
Localizada na Polinésia Oriental, há cerca de 3,7 mil km de distância da costa chilena e aproximadamente 4 mil km longe do Taiti, a Ilha de Páscoa é considerada um dos locais mais isolados do planeta. Assim, as colmeias existentes por lá estão livres de predadores e doenças que afetam os animais em outros lugares.
Ilha de Páscoa. (Fonte: GettyImages)
Além da baixa ou quase nula utilização de agrotóxicos, o que evita a transferência de resíduos perigosos para o mel, os agricultores locais apostam em técnicas de cultivo ancestrais para as plantas. Outro atrativo é a água limpa existente em toda a ilha, proveniente das chuvas.
O escasso contato com o continente, a ausência de pesticidas e os métodos de cultivo diferenciados não são as únicas vantagens encontradas no local. Outro atrativo é o clima da Ilha de Páscoa, que se mantém agradável em boa parte do ano.
Com as temperaturas propiciando o trabalho constante das colmeias, seguindo o ritmo da floração das plantas, o “mel Rapa Nui”, como ele também costuma ser chamado, é produzido ao longo de todo o ano. Trata-se de uma situação diferente de outras partes do planeta.
(Fonte: GettyImages)
O resultado disso tudo é uma produção que varia de 90 kg a 120 kg de mel por ano em cada colmeia de Rapa Nui, quantidade bem superior à registrada por colônias de tamanho semelhante instaladas em diferentes regiões. Nestes lugares, a média chega a 20 kg anuais.
Introduzidas ali por volta de 1850, as abelhas da Ilha de Páscoa polinizam abacaxis, goiabas, mangas, bananas e flores em todo o território. Em 2019, as autoridades locais implementaram normas para proteger a produção de mel e seus derivados, regulando a entrada de material apícola em geral.
Por causa das mudanças climáticas, o uso desenfreado de inseticidas e a ação de patógenos, as abelhas estão cada vez mais ameaçadas. O desaparecimento delas pode ter um impacto devastador no planeta, afetando espécies vegetais e alimentos, que dependem do processo de polinização.
Diante deste risco, as colmeias selvagens de Rapa Nui podem se tornar uma reserva importante para o planeta. Para preservá-las de contaminações e outros perigos, o governo da ilha proíbe até mesmo a importação de espécies.