Artes/cultura
14/06/2023 às 09:00•2 min de leitura
O aquecimento global é uma preocupação que está na pauta dos cientistas há tempos, e uma descoberta feita recentemente por cientistas britânicos pode levantar uma nova bandeira graças às mudanças no DNA de um tipo específico de polvo que habitou a região da Antártida.
Esse polvo (que possui o nome científico Pareledone turqueti) podia alcançar a marca de 27 quilos e se tornou um grande aliado dos pesquisadores para entender alguns padrões climáticos do passado. O motivo? Eles viviam em dois grupos distintos, sendo um no Mar de Weddell e outro no Mar de Ross, há 125 mil anos, e conseguiram se unir em um ponto da história.
O momento em que os dois grupos de polvo conseguiram se unir foi exatamente durante o último período interglacial, quando a grande calota de gelo entrou em colapso por conta das altas temperaturas que existiam no planeta (e que são bem parecidas com as vistas atualmente).
Outro ponto digno de nota é que, nesse período, a estimativa é de que o nível do mar fosse algo em torno de 6 a 9 metros maiores que os vistos atualmente. Para se ter uma ideia, se a grande calota derretesse hoje, elevaria o nível do mar numa altura entre 3 e 4 metros.
Estudo indica que derretimento de calotas ocorrido a 125 mil anos permitiu que polvos fizessem o caminho mostrado na imagem acima.
Partindo desse princípio, um grupo de pesquisadores vem analisando por três décadas os genes dessa espécie de polvo que habita região há aproximadamente quatro milhões de anos. O DNA dessa espécie serve como um registro fóssil vivo, comprovando que eles de fato se misturaram quando a grande barreira de gelo cedeu no passado.
Falando ao site The Guardian, Dar. Sally Lau, da James Cook University, mencionou que esse encontro só seria possível se o gelo se derretesse completamente, sendo as mudanças ocorridas no DNA do polvo uma espécie de relógio que ajudaria a indicar quando esse encontro de fato aconteceu.
Esse estudo só ressalta a importância de ficar atento aos alertas da comunidade científica. Entretanto, o estudo encabeçado pelos cientistas que fizeram essa descoberta sobre o polvo revela que, ainda que o mundo consiga atingir a meta estabelecida no acordo climático de Paris (de limitar o aquecimento global a 1,5 grau), ainda assim estaríamos diante de um perigo.
"A perda dessa calota teria consequências muito reais para todo planeta", explica o professor Nathan Bindoff, da Universidade da Tasmânia.