Pesquisa revela presença de pessoas não-binárias na pré-história

14/06/2023 às 12:002 min de leitura

A concepção de gênero, ao contrário do que muitos acreditam, não é uma criação contemporânea. Um estudo recente publicado no Cambridge Archaeological Journal sugere que a fluidez nessa área pode ter sido uma realidade desde os tempos antigos. A pesquisa, que examinou mais de 1.200 sepulturas de sete locais na Europa Central, concluiu que até 10% desses sepultamentos podem ter pertencido a indivíduos não-binários.

A discussão sobre a identidade na pré-história tem sido um tópico de debate intenso nas últimas décadas. Os cientistas buscaram resolver essa questão procurando correlações entre gênero e sexo biológico entre 1.252 pessoas que viveram entre o início do Neolítico e o final da Idade do Bronze, de 5500 a 1200 a.C.

Desafiando as concepções tradicionais de identidade

O sexo foi determinado com base em análises osteológicas publicadas, enquanto o gênero foi estabelecido de acordo com os tipos de itens fúnebres presentes. "Descobrimos que em seis dos sete locais de sepultamento, há uma minoria persistente de indivíduos cujo sexo determinado não coincide com a natureza de seus respectivos bens funerários deveriam sinalizar", relatam os cientistas.

Por exemplo, um indivíduo biologicamente masculino de um local na Alemanha foi enterrado com uma tiara feita de conchas de caracol e outros itens associados à feminilidade. Em outro local, um esqueleto biologicamente feminino foi enterrado com artigos vistos como masculinos, como um machado de pedra, um anzol, presas de javali selvagem e lâminas de sílex.

Comentando essas descobertas, a autora do estudo, Dra. Eleonore Pape, explicou que "historicamente, não podemos mais enquadrar pessoas não-binárias como 'exceções' a uma regra, mas sim como 'minorias', que poderiam ter sido formalmente reconhecidas, protegidas e até reverenciadas".

Conclusões e implicações do estudo

No geral, sexo e gênero coincidiram em 26,5% dos restos mortais, mas foram contraditórios em 2,9% dos casos. Os 70,6% restantes foram excluídos da análise, pois não foi possível determinar esses fatores.

"Se isolarmos os casos para os quais temos determinações de sexo e gênero, o padrão de associação parece majoritariamente binário, com 90% dos sepultamentos mostrando indicadores correspondentes", explicaram os autores do estudo. Por outro lado, cerca de um em cada dez indivíduos antigos apresentaram itens que não se encaixavam com o esperado.

"Concluímos que os dados disponíveis - apesar de possíveis vieses - apoiam a hipótese de que algum grau de variação de gênero foi formalmente aceito no rito funerário das sociedades pré-históricas da Europa Central", afirmam os cientistas.

No entanto, eles alertam que as margens de erro dos métodos tradicionais de determinação de sexo não podem ser quantificadas com precisão, portanto, o tamanho real da "minoria não-binária" ainda é amplamente incerto.

Imagem

NOSSOS SITES

  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • Logo Mega Curioso
  • Logo Baixaki
  • Logo Click Jogos
  • Logo TecMundo

Pesquisas anteriores: