Ciência
25/06/2023 às 07:00•2 min de leitura
Podemos ter só 47 ossos do total de 207 que faziam parte do esqueleto dessa figura incrível chamada Lucy, o Australopithecus afarensi de 3,18 milhões de anos. Mas, esses ossos já renderam descobertas incríveis — e até algumas polêmicas — que ajudaram a entender a evolução humana. A última delas, inclusive, veio direto da Universidade de Cambridge!
Recentemente, a pesquisadora Ashleigh Wiseman criou uma versão digital em 3D do tecido macio de nossa ancestral. Ao recriar os músculos da perna e da pelve, as imagens confirmam a teoria de que esse hominídeo, além de adorar escalar em árvores, andava de pé! Continue a leitura e descubra mais sobre o novo segredo revelado da "vovó" Lucy!
(Fonte: University of Texas at Austin/AP Photo/Pat Sullivan/Reprodução)
Começando com ressonâncias magnéticas e tomografias computadorizadas de humanos para descobrir como os músculos funcionavam, Wiseman embarcou em uma aventura virtual reconstruindo os ossos e articulações de Lucy. E, para juntar todas as peças do quebra-cabeça, ela investigou até mesmo as marcas musculares nos ossos.
O modelo resultante revelou que a nossa "parente" mais antiga tinha habilidades incríveis: conseguia andar de forma ereta, e suas pernas eram tão musculosas que garantiam uma total adaptação ao estilo de vida meio-terrestre, meio-arbóreo. Os pesquisadores acreditam que toda essa força nas pernas — representando 74% do peso total, enquanto nós, humanos, temos apenas 50% — permitia que o Australopithecus afarensis explorasse tanto a terra firme quanto as árvores. Uma verdadeira aventureira do mundo animal!
Para Wiseman, a habilidade de Lucy de andar ereta só poderia ser desvendada reconstruindo o caminho e o espaço que um músculo ocupa dentro do corpo. "Atualmente, somos os únicos animais que conseguem ficar de pé com os joelhos retos. Os músculos de Lucy indicam que ela era tão boa no bipedalismo quanto nós, e talvez também se sentisse em casa nas árvores. Lucy provavelmente caminhava e se movia de um jeito que não vemos em nenhuma espécie viva hoje", explica a arqueóloga em nota oficial.
(Fonte: Carlos Lorenzo/Flickr)
Em 1974, o paleoantropólogo norte-americano Donald Johanson encontrou os ossos de Lucy em Hadar, na Etiópia. Inicialmente, os pesquisadores acreditavam que ela pertencia ao gênero Homo. Porém, quatro anos depois, a espécie recebeu a sua própria classificação como AL 288-1. Desde então, os pesquisadores conseguiram juntar as peças e descobriram que o Australopithecus afarensis, uma espécie incrivelmente bem-sucedida, viveu por cerca de 900 mil anos, entre 3,9 e 2,8 milhões de anos atrás.
Batizada em homenagem à música Lucy In the Sky with Diamonds, dos Beatles, análises ósseas revelaram que Lucy provavelmente era uma jovem adulta, graças a um dente do siso nascendo e alguns ossos se fundindo. E olha só — ela tinha por volta de 1,5 metro de altura!
(Fonte: Andrew Bardwell/Wikimedia Commons)
Apesar de muitos debates sobre como ela caminhava, esse novo estudo revela detalhes das articulações dos joelhos e dos músculos que fortalecem a teoria mais popular: Lucy andava em pé — nada de se arrastar ou caminhar apoiada nas mãos —, e ainda tinha habilidades físicas para se aventurar nas árvores. "O Australopithecus afarensis provavelmente explorava áreas de florestas abertas e matagais na África Oriental há uns três ou quatro milhões de anos", conta Wiseman.
Além de descobrir a idade dos fósseis, agora também podemos investigar os movimentos específicos desses antigos seres humanos. Isso nos dá um panorama completo de como, três milhões de anos depois, nós, os Homo sapiens, aparecemos e conquistamos o mundo. E assim, seguimos desvendando os mistérios do passado e entendendo cada vez melhor como nos tornamos os seres humanos que somos hoje. A evolução é realmente uma história incrível!