Saúde/bem-estar
21/06/2023 às 02:00•2 min de leitura
Em 2013, uma equipe liderada por geólogos da Universidade de Toronto, no Canadá, fez uma descoberta revolucionária sobre a manutenção de formas de vida em ecossistemas remotos. A três quilômetros de profundidade, eles encontraram água corrente, cujos testes mostraram uma idade entre 1,5 bilhão a 2,64 bilhões de anos, além de mostrar vestígios de vida.
Falando à BBC News, a líder da pesquisa, Barbara Sherwood Lollar, explicou: “Fomos capazes de indicar que o sinal que estamos vendo nos fluidos deve ter sido produzido pela microbiologia, e, mais importante, deve ter sido produzido em uma escala de tempo muito longa. Os micróbios que produziram essa assinatura não poderiam ter feito isso da noite para o dia".
Para a geóloga, que hoje leciona no Departamento de Ciências Físicas e Ambientais na Universidade de Toronto, não se trata de um pequeno poço aprisionado nas rochas, mas uma verdadeira torrente de água, “fluindo a taxas de litros por minuto”.
Fonte: B. Sherwood Lollar et al./Divulgação.
Em dezembro de 2016, Barbara Sherwood Lollar apresentou sua pesquisa no Encontro de Outono da União Geofísica Americana realizado em São Francisco, nos EUA. Após estudar com sua equipe a hidrosfera profunda por várias décadas em diversas minas ao redor do mundo, a professora afirmou que a descoberta de novos sistemas ambientais tem facilitado a investigação da biodiversidade microbiana e sua adaptação a condições extremas.
A indicação da presença de organismos vivos "nesses fluidos em uma escala de tempo geológica", diz Sherwood Lollar, é um exemplo de adaptação da vida a condições extremas. Para sobreviver, esses microrganismos usaram substratos produzidos a partir da radiação.
Coautor da pesquisa, o professor Long Li, atualmente na Universidade de Alberta, explicou em um release que "o sulfato, como o hidrogênio, é realmente produzido no local por reação entre a água e a rocha". E essa reação poderá continuar de forma natural, e "pode persistir enquanto a água e a rocha estiverem em contato, potencialmente bilhões de anos”.
Fonte: CBC Canada.
Mais do que a natural implicação da pesquisa na descoberta de vida em outros locais remotos da Terra (e até mesmo em outros planetas), a professora Sherwood Lollar foi à CNN falar sobre uma questão muito formulada na internet: o sabor da água abissal.
A questão não abalou a cientista, que lembrou ao público que, “se você é um geólogo que trabalha com rochas, provavelmente já lambeu muitas delas”.
Para quem esperava um sabor salgado, a "degustação" de Sherwood Lollar revelou que a água era "muito mais salgada que a água do mar" e "muito mais amarga". A revelação não surpreendeu os sommeliers: afinal, o líquido envelheceu por mais de dois bilhões de anos.