Ciência
09/07/2023 às 08:00•2 min de leitura
Em 2003, arqueólogos descobriram restos esqueléticos semelhantes aos humanos em uma caverna na Indonésia. Uma análise mais detalhada revelou que o indivíduo possuía uma cabeça anormalmente pequena e uma estatura baixa, com apenas 1,06 metros de altura.
Os pesquisadores classificaram o indivíduo como Homo floresiensis, uma ramificação menor do Homo erectus, um ancestral extinto dos seres humanos. Porém, devido às suas características, o corpo foi apelidado de "hobbit", que são criaturas fictícias do universo de O Senhor dos Anéis conhecidas por serem pequenas.
Agora, uma nova aproximação facial oferece uma visão de como esse ser pode ter se parecido quando vivia na ilha indonésia de Flores, há aproximadamente 18 mil anos.
Para concretizar tais reconstruções, peritos forenses frequentemente aplicam um mix de varreduras do osso cepálico singular e pontos de informação recolhidos de ossos cranianos de doadores. Contudo, como o espécime pertence à espécie H. floresiensis e não a um Homo sapiens contemporâneo, a variedade de estruturas comparáveis para seleção é limitada.
Os cientistas, então, compararam tomografias computadorizadas do espécime com digitalizações de um crânio masculino de Homo sapiens e de um chimpanzé. "Nós deformamos ambos para adaptá-los à estrutura do crânio de H. floresiensis e interpolamos os dados para ter uma ideia de como o rosto do hobbit poderia parecer", disse o co-pesquisador do estudo e especialista gráfico brasileiro, Cícero Moraes, ao Live Science.
O "hobbit" do mundo real com certeza difere muito daqueles que vimos nos filmes. (Fonte: Warner Bros./Reprodução)
Os estudiosos criaram duas aproximações faciais finais. A primeira é uma imagem neutra em preto e branco de um indivíduo semelhante a um macaco, e a segunda é uma versão mais estilizada com pelos faciais.
"Falando de forma geral, o H. floresiensis provavelmente tinha um nariz menos saliente do que os homens modernos, a região da boca era um pouco mais projetada que a nossa e o volume do cérebro era significativamente menor. A aparência final nos surpreendeu muito, porque ao olhar para o rosto, podemos ver uma série de compatibilidades com os homens modernos, mas não o suficiente para considerá-la como um do grupo", disse Moraes.
(Fonte: Cícero Moraes/Reprodução)
Gregory Forth, professor aposentado de antropologia da Universidade de Alberta, que não esteve envolvido na nova pesquisa, acredita que a aproximação facial é uma boa maneira de ajudar o público a entender melhor um parente humano antigo.
"Eles não apenas fornecem um método para criar imagens mais realistas do hominídeo morfologicamente primitivo para envolver o público em geral; como potencialmente revelam novas informações sobre a espécie e sua relação com outros hominídeos", disse Forth ao Live Science.
A descoberta e reconstrução do rosto do "hobbit" nos oferece uma visão fascinante de um parente humano extinto. Através da combinação de técnicas modernas de digitalização e interpretação de dados, os pesquisadores foram capazes de "reviver" um ser que viveu há milhares de anos.
Embora a aparência final possa ter nos surpreendido, ela nos lembra que a evolução humana é um caminho complexo e diversificado, cheio de ramificações e espécies que não sobreviveram até os dias atuais. A pesquisa sobre o Homo floresiensis continua, com a esperança de que possamos aprender ainda mais sobre nossa própria história e evolução.