Ciência
26/07/2023 às 09:05•2 min de leitura
Você já se perguntou o que acontece com os sítios arqueológicos depois que os pesquisadores terminam de escavar e estudar os artefatos? Em muitos casos, eles são reenterrados, ou seja, cobertos novamente com terra, areia ou outros materiais. Essa prática pode parecer estranha, mas tem várias razões e benefícios para a preservação do patrimônio histórico e cultural.
Existem pelo menos quatro motivos principais para isso acontecer: proteger os vestígios de danos causados por fatores naturais ou humanos, economizar recursos financeiros e logísticos, respeitar as crenças e os valores das comunidades locais e manter a possibilidade de futuras pesquisas.
(Fonte: GettyImages/Reprodução)
O primeiro motivo é o mais óbvio: ao expor os restos de antigas civilizações, os arqueólogos também os tornam vulneráveis à ação do tempo, do clima, dos animais e das pessoas. Chuva, vento, sol, insetos, roedores, vandalismo, roubo e turismo podem deteriorar ou destruir os locais, comprometendo seu valor científico e cultural. Por isso, reenterrar as escavações é uma forma de preservar os vestígios para as gerações futuras.
O segundo é o mais prático: manter um local de descobertas aberto e acessível requer muito dinheiro e trabalho. É preciso construir infraestrutura, contratar pessoal, garantir segurança, monitorar as condições ambientais e realizar manutenção constante. Nem sempre os especialistas em antiguidade dispõem de recursos suficientes para isso, especialmente em países em desenvolvimento ou em áreas remotas. Assim, a prática é uma forma de evitar custos desnecessários ou inviáveis.
(Fonte: GettyImages/Reprodução)
O terceiro é o mais ético: respeitar as crenças e os valores das comunidades locais que têm vínculos históricos ou culturais com a área. Em alguns casos, elas consideram que os vestígios são sagrados ou que devem permanecer intocados por questões de honra ou tradição. Os profissionais devem consultar e dialogar com essas pessoas antes de iniciar ou encerrar uma escavação, buscando um consenso sobre como proceder. Devolver os achados ao solo pode ser uma forma de demonstrar respeito e reconhecimento pela diversidade cultural.
O quarto é o mais estratégico, manter a possibilidade de futuras pesquisas nos sítios arqueológicos. A ciência está sempre evoluindo e novas técnicas, métodos e teorias podem surgir no futuro, permitindo obter novas informações e interpretações sobre os fragmentos do passado. Ao reenterrar as escavações, é preservado o potencial científico dos locais para que eles possam ser revisitados e reestudados.
A prática não significa abandonar ou esquecer estes locais de descobertas históricas. Pelo contrário, significa cuidar e valorizar o patrimônio e herança cultural da humanidade, garantindo sua proteção e sua continuidade.