Ciência
02/09/2023 às 04:00•2 min de leitura
No meio da natureza selvagem, nem sempre somente os mais fortes sobrevivem. Para conseguir obter alimento, todo animal precisa encontrar as melhores oportunidades possíveis para sobreviver por mais um dia. Então, o que acontece quando um enorme elefante cai morto à beira de um lago no Quênia? Predadores enxergam um verdadeiro banquete.
Em 2019, uma equipe internacional de pesquisadores conseguiu observar de perto exatamente essa cena ao montarem armadilhas fotográficas em duas carcaças de elefantes frescas no Parque Nacional Tsavo East. Quer saber o que aconteceu nas horas seguintes? Acompanhe essa incrível jornada da sobrevivência animal ao longo dos próximos parágrafos!
(Fonte: Aaron Morris/Divulgação)
No estudo publicado na revista Food Webs, os pesquisadores relatam que a morte de um animal do porte de um elefante, assim como acontece quando uma baleia cai morta no fundo do mar, é comparável a um banquete capaz de sustentar ou até mesmo criar uma comunidade ecológica inteira.
Ao longo de um mês de gravação, os pesquisadores viram diversos predadores e necrófagos — animais que se aproveitam de cadáveres deixados para trás — se revezando ao longo dos dias para se alimentar da carcaça. Ocasionalmente, alguns acontecimentos chamavam maior atenção: espécies improváveis comendo lado a lado, jovens hienas com armadilhas presas no pescoço e até mesmo um hipopótamo se alimentando de outro mega-herbívoro.
“Há muitas coisas realmente interessantes acontecendo nas carcaças de elefantes”, disse o coautor do estudo Aaron Morris, da Universidade de Minnesota. Para entender como a natureza se comportava ao redor dos elefantes, os pesquisadores posicionaram uma carcaça em terra firme, enquanto a outra estava na margem do rio Galana, o único curso de água que resiste à intensa estação seca subsaariana.
(Fonte: Aaron Morris/Divulgação)
Elefantes na natureza podem acabar sendo vítimas de predadores com grandes presas ou simplesmente morrerem de exaustão. No caso dos cadáveres utilizados no estudo, um deles foi sacrificado pela equipe do parque após sofrer uma fratura na perna. O ribeirinho, por sua vez, morreu de causas naturais desconhecidas.
Por mais que armadilhas fotográficas sejam uma ferramenta cada vez mais popular para rastrear a vida selvagem, imagens como as obtidas no Quênia são bastante únicas. Em uma das noites, os pesquisadores analisavam imagens de leões, hienas e urubus se alimentando dos elefantes quando uma surpresa surgiu em foco: um hipopótamo.
A princípio, acreditava-se que o animal estava apenas curioso com o cadáver. Porém, tudo mudou quando ele começou a mastigar a carne. Apesar de hipopótamos serem animais que comem predominantemente plantas, eles também são conhecidos por comerem carne de forma oportunista e ocasional — o que dá um toque especial para o estudo.
Na beira da água, hienas e crocodilos dividiam o alimento sem se agredir. Até então, os pesquisadores não sabem ao certo porque algumas espécies se contentam em dividir o alimento, mas uma hipótese é que as hienas facilitem a alimentação dos crocodilos ao abrirem a carcaça com suas presas. No fim das contas, o estudo trouxe diversas informações sobre as interações de grandes animais e de como o ciclo da vida funciona no mundo selvagem.