Estudo desmembra sistemas familiares na Idade do Bronze

24/08/2023 às 12:002 min de leitura

Um novo estudo feito por pesquisadores da Universidade Johannes Gutenberg Mainz (JGU) analisou os genomas de esqueletos de uma extensa família encontrada em uma necrópole da Idade do Bronze na estepe russa. O túmulo de Nepluyevsky, de 3,8 mil anos, foi escavado há vários anos e está localizado na fronteira geográfica entre Europa e Ásia.

A diversidade dos sistemas familiares nas sociedades pré-históricas sempre foi um assunto de grande fascínio entre cientistas. Logo, o novo estudo desenvolvido pelos antropólogos Jens Blöcher e Joachim Burger fornecem agora novas informações sobre as origens e estruturas genéticas dessas comunidades familiares.

Entendendo as famílias pré-históricas

(Fonte: Svetlana Sharapova/Divulgação)(Fonte: Svetlana Sharapova/Divulgação)

O kurgan — monte funerário — investigado pelos pesquisadores servia de túmulo para seis irmãos, suas esposas, filhos e netos. O irmão presumivelmente mais velho tinha oito filhos com duas esposas diferentes, uma das quais veio das regiões das estepes asiáticas no leste da região. Os outros irmãos, por sua vez, não mostravam sinais de poligamia e provavelmente viveram monogamicamente com menor quantidade de filhos.

"É notável que o irmão primogênito aparentemente tivesse um status mais elevado e, portanto, maiores chances de reprodução. O direito do primogênito masculino nos parece familiar, é conhecido do Antigo Testamento, por exemplo, mas também da aristocracia em Europa histórica", explica Blöcher. 

Os dados genômicos da família revelam ainda mais informações relevantes sobre o caso. A maioria das mulheres enterradas no kurgan eram imigrantes e as irmãs da família sepultada, por sua vez, provavelmente encontraram novos lares em outros lugares.

De acordo com Burger, a mobilidade do sexo feminino em matrimônios antigos era algo que fazia sentido na perspectiva econômica e evolutiva. Enquanto um sexo permanecia em sua terra de origem, garantindo a continuidade da linhagem familiar e da propriedade, o outro se casa em outra região para evitar a endogamia — reprodução entre indivíduos aparentados.

Diversidade genômica

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

O estudo também descobriu que as mulheres pré-históricas possuem uma diversidade genômica muito maior do que a dos homens, uma vez que as mulheres que se casavam vinham de uma área maior e não tinham parentesco entre si. Na sua nova terra natal, elas seguiam seus maridos até a sepultura, jamais retornando a seu antigo lar.

Isso é outro ponto que ressalta como os kurgans não eram apenas necrópoles familiares, mas sim o local de enterro da linhagem masculina. Na últimas gerações pré-históricas, o kurgan parou de ser usado repentinamente e quase apenas bebês e crianças pequenas foram encontradas em Nepluyevsky. Isso pode ser um sinal que os habitantes tenham sido dizimados por doenças ou que a população restante migrou para outra região em busca de uma vida melhor.

No fim das contas, embora o estudo não traga novas informações sobre famílias notórias do passado, os pesquisadores conseguiram obter dados extremamente relevantes a respeito de como famílias da Idade do Bronze eram constituídas e se portavam culturalmente.

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