Artes/cultura
25/08/2023 às 03:00•2 min de leitura
Em um passado distante, os tigres-dentes-de-sabre vagam pelo nosso planeta demonstrando toda a sua imponência. Porém, qual era o som que esse belíssimo felino reproduzia? Para tentar sanar essa dúvida, pesquisadores da North Carolina State University foram atrás de dados sobre a vocalização dessa espécie para decidir se esses animais rugiam poderosamente ou ronronavam com suas gargantas.
A resposta para a pergunta, no entanto, não era tão simples quanto os cientistas esperavam encontrar. O trabalho publicado no Journal of Morphology avaliou a vocalização entre várias espécies de felinos para tentar obter um resultado assertivo.
(Fonte: GettyImages)
De acordo com os pesquisadores, todos os gatos modernos pertencem a um de dois grupos: os "grandes felinos" rugidores, como os leões, tigres, panteras e onças ou os "gatinhos" Felinae, que incluem gatos ronronantes como linces, pumas, jaguatiricas e gatos domésticos. Evolutivamente falando, os dentes-de-sabre se separaram da árvore genealógica dos felinos antes que outros grupos modernos o fizessem.
Isso significa que os leões são criaturas mais próximas dos gatos domésticos do que um dia foram dos dentes-de-sabre — uma dado que dificulta bastante qualquer suposição científica que poderia ser feita. "Isso é importante porque o debate sobre o tipo de vocalização que um tigre-dentes-de-sabre teria feito depende da análise da anatomia de um punhado de pequenos ossos localizados na garganta", destacou Adam Hartstone-Rose, professor da North Carolina State University.
Segundo Hartstone-Rose, embora a vocalização seja conduzida pela laringe e pelos tecidos moles da garganta e não pelos ossos, anatomistas notaram no passado que os ossos responsáveis por ancorar esses tecidos no lugar diferiam em tamanho e número, dependendo se o animal era um gato que ruge ou ronrona. Os ossos hioides, como são chamados, aparecem nove vezes em gatos ronronantes e sete vezes em gatos rugidores.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Após algumas análises, foi constatado que o tigre-dentes-de-sabe possuí apenas sete ossos hioides na estrutura de suas gargantas. Logo, esse foi o primeiro argumento apresentado para afirmar que esses animais obviamente rugiam. Contudo, de acordo com Hartstone-Rose, quanto mais os pesquisadores olhavam para a anatomia dos gatos modernos, menores eram as evidências concretas de que os ossos realmente exerciam qualquer função.
Como não os ossos não são diretamente responsáveis pela vocalização, a teoria parecia falha, uma vez que essa relação entre o número de ossos e o som produzido nunca foi realmente provado. Então, os estudiosos passaram a observar a estrutura hioide de quatro espécies de gatos que rugem: leões, tigres, leopardos e onças; além de cinco espécies de gatos ronronantes: pumas, chitas, caracais, servais e jaguatiricas.
Na visão dos cientistas, se os ossos inexistentes em gatos rugidores fossem realmente fundamentais para a vocalização, os outros ossos deferiam ser diferentes entre os dois grupos. No entanto, eles se assemelham muito em forma, independente se vindos de gatos ronronantes ou rugidores — com breves mudanças apenas naqueles mais próximos do aparelho vocal.
E nesse sentido, os tigres-dentes-de-sabre eram mais parecidos com os gatos que ronronam do que os que rugem. No fim das contas, esse grande gato ancestral tem coisas em comum com ambos os grupos, o que significa que ele pode ter seguido qualquer uma das duas vertentes de vocalização ou simplesmente ter apresentado algo completamente diferente do que conhecemos atualmente.