Meteorito mais antigo já encontrado pode desafiar teorias sobre o Sistema Solar

17/09/2023 às 07:002 min de leitura

No sul da Argélia, em pleno deserto do Saara, foram encontrados fragmentos de um meteorito batizado de Erg Chech 002. O que o torna extraordinário, segundo pesquisa publicada na Nature Communications, é que se trata da rocha vulcânica mais antiga já encontrada, com cerca de 4,56556 mil milhões de anos – com uma margem de erro de 120 mil anos, para mais ou para menos, uma precisão impressionante em termos espaciais.

Esses fragmentos colocam em xeque algumas das suposições mais comuns sobre nosso bairro espacial. Há 4,567 bilhões de anos, o Sistema Solar surgiu de uma nuvem cósmica que abrigava duas formas de alumínio: a estável (alumínio-27) e a radioativa (alumínio-26). O alumínio-26 se decompõe ao longo do tempo, permitindo com que os cientistas datem eventos cruciais, especialmente nos primeiros milhões de anos do Sistema Solar.

Além disso, é possível que o alumínio-26, produzido em explosões estelares, tenha sido a principal fonte de calor nos primórdios do Sistema Solar. Esse calor desempenhou um papel crucial na fusão das pequenas rochas primitivas que eventualmente se juntaram para formar os planetas que conhecemos hoje.

Na busca pela idade das rochas cósmicas

(Fonte: Steve Jurvetson/Wikimedia Commons)(Fonte: Steve Jurvetson/Wikimedia Commons)

O alumínio-26 é uma peça-chave nesse estudo, mas sua rápida degradação dificulta a obtenção de idades precisas. No entanto, a combinação de dados de alumínio-26 com informações sobre urânio e chumbo oferece uma solução intrigante. 

O urânio-235 e o urânio-238, com suas meias-vidas muito mais longas, se transformam em isótopos de chumbo – o chumbo-207 e o chumbo-206, respectivamente. Essa abordagem permite que os cientistas determinem com precisão o tempo decorrido, mesmo de eventos cósmicos ocorridos há bilhões de anos.

Neste processo de pesquisa, urânio, chumbo e alumínio-26 desempenham papéis importantes, desvendando a história do Sistema Solar e revelando os segredos guardados nas antigas rochas espaciais.

O enigma dos meteoritos

(Fonte: Yuri Amelin/Reprodução)(Fonte: Yuri Amelin/Reprodução)

Meteoritos são normalmente categorizados em grupos, mas o Erg Chech 002 se recusa a se enquadrar nessa regra. Assim, chamado de "acondrito não agrupado", este meteorito escapa das categorias tradicionais. Acondritos são rochas formadas a partir de planetesimais, isto é, corpos rochosos ou de gelo derretidos durante a formação do Sistema Solar.

Alguns têm origens bem definidas, como o clã Howardite-Eucrite-Diogenite, associado ao asteroide Vesta 4. Outros, como os angritos, têm origens desconhecidas. O Erg Chech 002, por sua vez, permanece sem grupo, mantendo suas origens cósmicas em segredo.

No entanto, a pesquisa identificou concentrações notáveis de chumbo-206, chumbo-207, urânio-238 e urânio-235 nesta rocha cósmica. Usando esses dados, calculou-se sua idade com precisão e a compararam com informações de alumínio-26. 

A surpreendente descoberta? O Erg Chech 002 possui três a quatro vezes mais alumínio-26 do que os angritos vulcânicos, indicando uma distribuição desigual deste elemento na nuvem de poeira e gás que formou nosso Sistema Solar. Esses achados enriquecem nossa compreensão das primeiras fases de desenvolvimento do Sistema Solar e da história dos planetas em formação.

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