Esportes
16/09/2023 às 09:00•2 min de leitura
Mesmo a milhões de anos-luz de distância, as estrelas brilham no céu noturno por serem incrivelmente quentes. Já os planetas, por sua vez, tendem a ser muito mais frios do que esses outros objetos estelares. Nesse meio-termo, existem as anãs marrons, que costumam ser um grande enigma astronômico.
Mais massivas que os planetas, porém menos do que as estrelas, esses astros não se enquadram perfeitamente em nenhuma das duas categorias — por vezes sendo chamadas de "estrelas fracassadas". Porém, se algo falhar como estrela, um dia ela pode ter sucesso como planeta?
(Fonte: Wikimedia Commons)
Na visão da grande maioria dos astrônomos, uma estrela, mesmo que fracassada, jamais poderia se tornar um planeta. Apesar dessa ser uma ideia intrigante, estrelas e planetas podem até possuir a mesma base na forma como surgiram no universo, contudo são duas coisas totalmente diferentes.
As estrelas, e provavelmente as anãs marrons também, formam-se quando nuvens de gás se aglomeram por meio da gravidade. Graças à sua grande massa, as estrelas sustentam a fusão nuclear desse processo, transformando o hidrogênio em elementos mais pesados, como o hélio, o carbono e o ferro. As anãs marrons não têm massa o suficiente para fundir o hidrogênio comum, mas podem brevemente fundir uma versão mais pesada dele, conhecida como deutério.
Assim como os planetas, as anãs marrons também esfriam à medida que envelhecem. Muitas estrelas, no entanto, explodem quando morrem, espalhando um monte de outros materiais pelo universo — algo que ajudará na formação de novas estrelas. Esse material restante formará seixos rochosos e, eventualmente, novos planetas. Enquanto estrelas e anãs marrons se formam a partir de gás, os planetas se formam a partir de elementos mais pesados.
Por definição, então, uma estrela nunca pode transformar-se em um planeta. Ainda assim, as definições têm evoluído com o passar do tempo. Por muitos anos, as estrelas e os planetas foram definidos pelos seus padrões de movimento no céu. Eventualmente, pesquisadores descobriram que planetas giravam em torno das estrelas e, posteriormente, também descobrimos que as estrelas também podem orbitar umas às outras.
(Fonte: Wikimedia Commons)
As anãs marrons só foram realmente tidas como uma hipótese na década de 1960, e foram observadas pela primeira vez na década de 1990. Logo, essa demora nos estudos complica ainda mais as definições tradicionais. Por isso, alguns pesquisadores enxergam elas não como estrelas fracassadas, mas também nada como uma espécie de planeta turbinado. Elas são algo bastante peculiar.
Porém, a criação de uma terceira categoria não parece captar muito bem as nuances desses objetos celestes. Frequentemente, estrelas, anãs marrons e planetas são definidos por tamanho: estrelas têm pelo menos 80 vezes o tamanho de Júpiter, enquanto as anãs marrons possuem algo entre 12 a 80 vezes a massa do mesmo planeta — o tamanho necessário para a fusão do deutério.
Mas muitos corpos celestes complicam essa categoria. Até mesmo Júpiter pode ficar grande o suficiente para acumular gravitacionalmente gás no topo de seus núcleos rochosos, ou até mesmo fundir deutério. Enquanto isso, a anã marrom mais fria conhecida no mundo é capaz de emitir ondas de rádio, uma propriedade mais frequentemente associada às estrelas.
Sendo assim, enquanto esses corpos celestes forem definidos pela maneira como se formaram, é pouco provável que uma anã marrom um dia se torne um planeta. No entanto, tendo em mente que essas definições estão sempre se transformando, como a que fez Plutão ser "rebaixado" a planeta anão em 2006, tudo pode acontecer no futuro.