O comportamento homossexual de animais pode ser tão comum devido a uma vantagem evolutiva

15/10/2023 às 07:002 min de leitura

O comportamento homossexual entre animais é muitas vezes considerado um "enigma evolutivo", pois não contribui para a reprodução de genes ou até mesmo auxilia na sobrevivência das espécies. 

Porém, uma pesquisa recente realizada por ecologistas da Estação Experimental de Zonas Áridas e da Universidade de Granada, na Espanha, revelou que essas ações estão presentes em diversos grupos e espécies diferentes, servindo para a criação de complexas relações sociais.

Formando laços e aliviando a tensão

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Segundo o estudo, esse tipo de situação foi encontrado em mais de 1.500 espécies até o momento, sendo mais comum entre mamíferos, especialmente os primatas, como lêmures e macacos.

Um dos exemplos mais marcantes são os bonobos, parentes próximos dos chimpanzés, e muito conhecidos por se envolverem frequentemente em atos sexuais ao longo do dia. Aparentemente, esses seres parecem usar essas ações como uma forma de construir laços entre eles, não se limitando a comportamento heterossexual.

Além de desempenhar uma função social e manter relacionamentos sólidos entre os mamíferos, essas relações também parecem ajudar a aliviar a tensão intrassexual, reduzindo casos de agressão e conflitos entre os machos.

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Além dos primatas, os pesquisadores acreditam que esses momentos também possuem o mesmo objetivo para carneiros selvagens, leões, lobos e várias espécies de cabras selvagens. Esse impacto positivo talvez ajude a explicar por que tal comportamento teria surgido tantas vezes de forma independente, sendo considerado um exemplo de evolução convergente.

"Essas transições evolutivas repetidas para o mesmo estado de caráter são uma indicação de evolução convergente. Embora a convergência possa ocorrer a partir de uma evolução aleatória, aquela associada a ambientes seletivos semelhantes é considerada forte evidência de evolução adaptativa causada pela operação da seleção natural", explicaram os autores do estudo.

Presença em outras espécies

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

A pesquisa revelou que não são apenas os mamíferos que apresentam esse engajamento entre indivíduos do mesmo sexo, com casos sendo igualmente relatados entre peixes, anfíbios, répteis e aves, além de grupos de invertebrados, como insetos, aranhas, equinodermos e nematoides.

No entanto, os responsáveis pelo estudo admitem que o motivo para essas ações nos grupos mencionados acima é menos clara, e que suas explicações são apenas uma hipótese que ainda precisa de mais investigações. Afinal, esse tipo de pesquisa ainda é pouco explorada e muito subestimada devido a preconceitos ligados ao tema. Então, conforme as interações são analisadas de forma não tendenciosa, as respostas se tornarão mais claras.

Outro ponto ressaltado pelos autores é a necessidade de agir com extrema cautela ao tentar estabelecer qualquer tipo de semelhança entre o comportamento homossexual de animais e a evolução da orientação sexual em seres humanos. Os casos estudados por eles estão ligados apenas a interações de acasalamento de curto prazo, e seria redutivo e contraprodutivo tentar compará-los com preferências permanentes que envolvem uma gama maior de questões e sentimentos.

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