Artes/cultura
19/10/2023 às 13:00•2 min de leitura
Os calendários são parte fundamental de como administramos o tempo em nossas vidas. No entanto, o que muitos não sabem é que a forma como as datas estão organizadas hoje não existe há tanto tempo quanto imaginamos. Em 1582, o papa Gregório XIII introduziu o calendário gregoriano, esse que usamos até hoje. Antes disso, a maior parte do mundo romano e da Europa usava o modelo juliano, introduzido por Júlio César em 45 a.C.
O calendário juliano foi introduzido pelo imperador romano Júlio César
O calendário juliano enfrentou um desafio relacionado ao cálculo da data da Páscoa. O Concílio de Niceia, em 325 d.C., determinou que a Páscoa deveria ser celebrada no primeiro domingo seguinte à primeira lua cheia após o equinócio da primavera (ou do outono no Hemisfério Sul). No entanto, ao longo dos séculos, percebeu-se que a data estabelecida pelo Concílio para ser o equinócio — 21 de março — havia se afastado da data real do evento astronômico.
Para tentar corrigir a disparidade entre o calendário juliano e o ano solar, os romanos introduziram o conceito de anos bissextos. A cada quatro anos, um dia extra era adicionado ao calendário, criando um ano com 366 dias. No entanto, essa abordagem não era totalmente precisa, pois o ano solar real dura aproximadamente 365,24219 dias. Essa pequena discrepância de tempo fez com que o calendário juliano ganhasse um dia a cada 314 anos, um erro acumulativo significativo.
Atualmente, no ano bissexto, o mês de fevereiro tem 29 dias
Papa Gregório XIII
Diante dessa crescente disparidade entre o calendário juliano e o ano solar real, o papa Gregório XIII, em 1582, introduziu o calendário gregoriano. A principal inovação desse modelo foi a nova forma de contabilizar os anos bissextos. A partir de 1582, os anos bissextos ocorrem a cada 4 anos, exceto nos casos em que o ano seja divisível por 100, mas não por 400. Nesses casos, o ano não é bissexto. Isso ajuda a compensar a diferença entre o ano civil (365 dias) e o ano solar real (aproximadamente 365,24219 dias).
Para corrigir o erro acumulativo dos anos bissextos do modelo anterior, o papa determinou que 10 dias seriam omitidos do novo calendário, saltando diretamente do dia 4 de outubro de 1582 para o dia 15 de outubro do mesmo ano.
Mudança do calendário juliano para o gregoriano
Hoje, o calendário gregoriano é amplamente aceito e utilizado em todo o mundo, tornando-se o padrão para fins civis e administrativos. No entanto, a história por trás da eliminação desses dez dias é um testemunho da complexidade que molda a nossa compreensão do tempo e da história. Esses dez dias perdidos no tempo continuam a nos lembrar das dificuldades envolvidas em rastrear o movimento celestial e as transformações culturais ao longo dos séculos.