Ciência
05/11/2023 às 09:00•2 min de leitura
Recentemente, um estudo indicou que Vênus, o segundo planeta do Sistema Solar, outrora pode ter tido os mesmos movimentos de placas tectônicas apresentados pela Terra em seus primeiros anos de vida. Essa descoberta cria cenários tentadores relativos à possibilidade de vida primitiva no planeta, ao seu passado evolutivo e muito mais.
Os pesquisadores usaram dados atmosféricos de Vênus e modelagem computacional para mostrar a composição atual da atmosfera e pressão superficial do planeta — algo que só teria sido possível como resultado de uma forma inicial de placas tectônicas. No entanto, para os cientistas, esse processo que envolve múltiplas placas continentais se empurrando é crítico para a existência de vida!
(Fonte: Getty Images)
Na Terra, a movimentação das placas tectônicas intensificou-se ao longo de bilhões de anos. Isso foi responsável pela formação de novos continentes, montanhas e conduzir reações químicas que estabilizaram a temperatura da superfície do planeta. Além disso, resultou num ambiente mais propício ao desenvolvimento da vida.
Vênus, por outro lado, é o nosso vizinho mais próximo e planeta-irmão, mas seguiu na direção oposta e hoje tem temperaturas de superfície altas o suficiente para derreter o chumbo. Anteriormente, pesquisadores acreditavam que isso acontecia porque o planeta tinha uma "tampa estagnada", o que significa que a sua superfície tem apenas uma única placa com quantidades mínimas de movimento e gases a serem liberados na atmosfera.
O novo artigo, no entanto, sugere que isso nem sempre foi assim. A abundância de azoto e dióxido de carbono na atmosfera de Vênus indicam que o planeta deve ter tido placas tectônicas algum tempo depois da formação do planeta — entre 4,5 a 3,5 bilhões de anos atrás. Esse movimento inicial, tal como na Terra, teria sido limitado em termos do número de placas em movimento e do quanto elas se deslocaram.
(Fonte: Getty Images)
“Uma das conclusões gerais é que muito provavelmente tínhamos dois planetas ao mesmo tempo, no mesmo sistema solar, operando num regime de placas tectônicas – o mesmo modo de tectônica que permitiu a vida que vemos hoje na Terra”, afirmou o autor principal do estudo, Matt Weller. Isso reforçaria a possibilidade da antiga Vênus ter apresentado vida microbiana em certo ponto.
Na visão dos cientistas, em dado momento, Vênus e Terra eram muito parecidos. Eles também acreditam que as placas tectônicas atuam em questão de tempo. Isso mostraria que os planetas podem entrar e sair de diferentes estados tectônicos e que isso pode ser bastante comum — com exceção da Terra. Porém, isso também seria um indício de que planetas entram e saem da habitabilidade em vez de serem continuamente habitáveis.
No geral, a equipe de estudos acredita que Vênus acabou ficando muito quente e sua atmosfera muito espessa em alguma época, o que "secou" os ingredientes necessários para o movimento tectônico. Os pesquisadores dizem que os detalhes desse fenômeno podem ter implicações importantes para a Terra no futuro e, por isso, precisam ser analisados mais profundamente.