Artes/cultura
06/12/2023 às 02:00•2 min de leitura
Pela primeira vez na história, pesquisadores encontraram uma evidência física de crucificação romana em território bretão. Arqueólogos desenterraram o esqueleto de um homem de 25 a 35 anos que teria morrido no que hoje é Cambridgeshire, na Inglaterra, entre 130 e 360 d.C.
Um prego foi martelado no osso do calcanhar do corpo supostamente pelo Império Romano. Evidências arqueológicas de crucificações são bastante raras, sobretudo porque as vítimas não costumavam receber um enterro adequado. Além disso, a maioria das crucificações usava corda em vez de pregos para amarrar os condenados à cruz.
(Fonte: Arqueologia de Albion/Divulgação)
Segundo uma reportagem produzida pela BBC News, existem apenas três outros possíveis exemplos físicos de crucificação durante a era antiga conhecidos no mundo: um em Gavello, na Itália; um em Mendes, no Egito; e o último em Giv'at ha-Mivtar, no norte de Jerusalém.
“A feliz combinação de boa preservação e o prego deixado no osso permitiu-me examinar este exemplo quase único quando tantos milhares foram perdidos”, celebrou a autora do estudo e arqueóloga da Universidade de Cambridge, Corinne Duhig, em comunicado oficial.
Os restos mortais, apelidados de Esqueleto 4926, foram descobertos durante uma escavação realizada antes de uma construção da vila de Fenstanton em 2017. A comunidade fica ao longo da rota da Via Devana, uma antiga estrada romana que ligava Cambridge a Godmanchester.
Segundo os pesquisadores, o assentamento da era romana de Fenstanton incluía um grande edifício, um pátio formal e superfícies de estradas. A equipe também encontrou no local broches esmaltados, moedas, cerâmica decorada e ossos de animais. No total, cinco pequenos cemitérios contendo os restos mortais de 40 adultos e 5 crianças foram construídos ali. Datados para o século IV d.C., a maioria dos corpos apresentada sinais de doenças dentárias, malária e lesões físicas.
(Fonte: Arqueologia de Albion/Divulgação)
De acordo com historiadores, a prática da crucificação provavelmente começou na Pérsia entre 300 e 400 a.C. sob o Império Romano, que reservava esse método de execução para escravos, cristãos, estrangeiros, ativistas políticos e soldados desgraçados. A causa da morte dessas pessoas normalmente era asfixia, perda de fluidos corporais e falência de órgãos. Em geral, as vítimas levavam entre três horas e quatro dias para morrer.
O esqueleto 4926 mostrou evidências de sofrimento severo antes da morte. De acordo com o comunicado dos pesquisadores, as pernas do homem apresentavam sinais de infecção ou inflamação, possivelmente causadas por amarras ou algemas. Seis de suas costelas foram fraturadas no processo, provavelmente por golpes de espada.
O cadáver estava enterrado ao lado de uma tábua de madeira e cercado por 12 pregos que provavelmente foram removidos depois que ele foi retirado da cruz. Um entalhe menor localizado próximo ao buraco principal no calcanhar do homem sugere uma tentativa fracassada de pregá-lo na prancha.
Os arqueólogos acrescentam que o homem em questão e outras pessoas do cemitério podem ter sido pessoas escravizadas. Análises de DNA feitas com os restos mortais revelaram que o esqueleto 4926 não era geneticamente relacionado a nenhum dos outros corpos encontrados no local, mas fazia parte da população nativa da área.