Artes/cultura
22/12/2023 às 12:00•2 min de leitura
O estudo dos antigos fortes pode revelar desde preciosas escrituras antigas até um nude em relevo. Alguns, como o do rei Herodes, eram bastante luxuosos. Antes de se tornarem fortalezas de guerra, essas construções costumam ser usadas em assentamentos agrícolas. Porém, uma descoberta na Sibéria pode inserir um novo capítulo antes de tudo isso.
Os restos do forte Amnya datam de 8 mil anos, segundo novos estudos. Caso isso seja confirmado, mostraria que as tribos de caçadores-coletores pré-históricos não eram tão nômades quanto achávamos. Inclusive, eles teriam começado a estabelecer o próprio espaço muito antes do que os historiadores imaginavam.
“Um dos aspectos mais surpreendentes do forte Amnya é a descoberta de que há aproximadamente 8 mil anos, caçadores-coletores na taiga siberiana construíram intrincadas estruturas de defesa”, disse Tanja Schreiber, co-autora do estudo e arqueóloga da Universidade Livre de Berlim. “Isso desafia as suposições tradicionais de que as construções monumentais eram exclusivamente obra de comunidades agrícolas”, complementa a pesquisadora.
Vista aérea dos restos do forte Amnya. (Foto: Nikita Golovanov/Universidade Livre de Berlim)
Segundo datação por carbono, os primeiros habitantes do forte Amnya são do período Mesolítico – basicamente, a Idade Média da Pedra, entre a Idade da Pedra Lascada e a da Pedra Polida. O local se divide em duas partes, compostas por duas depressões no terreno. O uso de paliçadas de madeira e de paredes de terra chama a atenção por serem uma engenharia aparentemente avançada para o período.
Com vista para o rio, a fortaleza deve ter sido um bom posto de observação de inimigos, bem como da caça, pesca e até agricultura. Entretanto, a real função do forte com estruturas tão reforçadas ainda é um mistério. Também não se sabe quem foi que mandou a construção ser erguida. Pode tanto ter sido uma decisão coletiva quanto ideia de algum líder que tenha surgido e ordenado a obra.
"Os registros étnicos e históricos oferecem uma compreensão diferenciada desses fortes, revelando várias razões potenciais para a fortificação de residências", explica a arqueóloga. O estudo foi publicado na revista Antiquity no começo do mês de dezembro.
Sabe-se que os habitantes da época pescavam peixes no rio Amnya e caçavam alces e renas usando lanças de osso e pontas de pedra. “Nossos novos exames paleobotânicos e estratigráficos revelam que os habitantes da Sibéria Ocidental levavam um estilo de vida sofisticado baseado nos recursos abundantes do ambiente da taiga”, detalha Schreiber.
Até hoje, apenas 10 estruturas fortificadas da Idade da Pedra foram encontradas no mundo, mas nenhuma tão antiga. O forte de Amnya pode mostrar que a sociedade se desenvolveu muito antes do que se imaginava e não apenas em assentamentos agrícolas.
Nesse local, a pesca e a caça eram predominantes e os recursos abundantes. Assim, a fortaleza pode ter emergido para armazenamento e exploração natural da região.