Conheça Sudan, o último rinoceronte-branco-do-norte macho de sua espécie

05/02/2024 às 12:002 min de leitura

Quando retornou para seu habitat natural, em 2009, o rinoceronte-branco-do-norte Sudan encontrou chuvas torrenciais. Os fotógrafos e cuidadores que acompanharam a cena contaram que foi poético ver o animal rolando na lama da África pela primeira vez, desde que era filhote. 

Sudan, nascido em 1973, foi capturado por caçadores profissionais quando tinha só dois anos. Então, foi levado para um zoológico na atual Tchéquia, onde passou a maior parte de sua vida. Nesse meio tempo, sua subespécie, o rinoceronte-branco-do-norte (Ceratotherium simum cottoni) foi ficando cada vez mais rara. Então, Sudan se tornou um símbolo. 

Quando faleceu, em 2018, ele já tinha se tornado uma "celebridade" internacional. Pessoas do mundo inteiro doaram dinheiro para ajudar em seus cuidados e nos esforços para preservação da espécie. Mesmo assim, não foi possível salvar o rinoceronte-branco-do-norte: Sudan morreu como o último macho da espécie. Agora, só restam duas fêmeas, Najin e Fatu.

Os gigantes gentis

Fonte: GettyImagesFonte: GettyImages

Apesar de sua força e seu tamanho — Sudan tinha 2.500 quilos —, o animal era descrito pelos guardas como um "gigante gentil". Os rinocerontes-brancos-do-norte, ao contrário de outras espécies da savana africana, são descritos como animais dóceis e sociáveis. 

Talvez por isso eles foram presas tão fáceis para os caçadores ilegais. O crime organizado na África paga caro pelos chifres dos rinocerontes, usados na medicina tradicional desse continente. É um mercado riquíssimo, já que os chifres podem valer mais que ouro ou cocaína.

Todas as subespécies de rinoceronte são vítimas dessa caça. Os criminosos, muitas vezes, só cortam os chifres do animal e o deixam agonizando depois disso. 

O rinoceronte-negro-ocidental (Diceros bicornis longipes), por exemplo, foi extinto em 2011, por causa disso. Na espécie de Sudan, os rinocerontes-brancos-do-norte, existiam 2360 animais até os anos 1960. Quando Sudan foi capturado, em 1975, sobravam apenas 700. 

Com as duas fêmeas restantes — que são a filha e a neta de Sudan, diga-se de passagem — o rinoceronte-branco-do-norte foi declarado virtualmente extinto. Seu material genético ainda foi armazenado e há esperanças de uma futura inseminação artificial, para "ressuscitar" a espécie.

Os esforços para preservação da espécie estão surtindo algum efeito — não na subespécie de Sudan, infelizmente, mas em outras. Atualmente, há 6487 rinocerontes-negros (Diceros bicornis) e 16803 rinocerontes-brancos (Ceratotherium simum) no continente. Mas a ameaça ainda persiste: em 2022, 448 animais morreram no sul da África, vítimas do comércio dos chifres. 

De volta para casa

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Sabendo da raridade da espécie, o próprio zoológico onde Sudan vivia, na Tchéquia, tentou fazer com que ele se reproduzisse. Ele gerou dois filhotes: Nabire, que morreu em 2015, e Najin, que continua viva até hoje. Quando Najin teve Fatu, em 2000, Sudan se tornou avô. 

A luta dos ecologistas para salvar a espécie convenceu o zoológico a mandar Sudan de volta para a África, o que aconteceu em 2009. Ele voltou acompanhado de Najin e Fatu e passou os últimos anos na reserva Ol Pejeta, no interior do Quênia

Para quem trabalhava lá, Sudan era descrito como um animal dócil e carinhoso — e as imagens divulgadas pela imprensa mostram uma ótima convivência com os cuidadores. Mas, para evitar que ele fosse vítima da caça ilegal, seguranças armados estavam sempre de prontidão. 

Em 2017, pouco tempo antes de sua morte, Sudan foi a estrela de uma campanha internacional que visava chamar atenção para o tema. Sendo o último macho de sua espécie, Sudan ganhou um perfil no Tinder e foi chamado de "o solteiro mais cobiçado do mundo". 

Infelizmente, uma infecção em uma das patas comprometeu a saúde de Sudan, que também já estava com a idade avançada para um rinoceronte. Em março de 2018, em outro dia de chuvas torrenciais — assim como o dia de sua chegada no Quênia —, ele passou por uma eutanásia

Mesmo morto, Sudan é lembrado até hoje como um símbolo da conservação da natureza. Em 2020, ele foi homenageado com um doodle do Google.

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