Chineses entram na corrida pelo transplante de cabeça em humanos

15/06/2016 às 06:543 min de leitura

Você já deve ter ouvido falar a respeito de um controverso médico italiano chamado Sergio Canavero, um cara que pretende realizar o primeiro transplante de cabeça em humanos do mundo, certo? Segundo explicamos anteriormente aqui no Mega Curioso, o cirurgião quer conduzir o procedimento em dezembro de 2017, e a intervenção envolverá resfriar os corpos do doador e do paciente que receberá o transplante.

Depois, os tecidos na região do pescoço de ambos serão dissecados, as duas cabeças cortadas e a que pertence ao paciente será posicionada no corpo do doador. Então, as artérias, os vasos sanguíneos e demais estruturas serão interligadas, e a parte mais inovadora da cirurgia, ou seja, a união das medulas, ocorrerá por meio do uso de uma substância chamada polietilenoglicol, que deve promover a fusão das terminações nervosas.

Sergio Canavero

Por último, o paciente deverá permanecer em coma induzido por um período de cerca de um mês e, durante esse tempo, eletrodos que serão implantados no corpo do transplantado estimularão a medula através de descargas elétricas.

Chinês na jogada

Agora, de acordo com Tom Hale, do portal IFLScience, o médico chinês Ren Xiaoping disse que também pretende realizar o procedimento e que inclusive já está reunindo um time de cirurgiões para assisti-lo durante a complexa intervenção. Conforme explicou, ele está ajustando os detalhes de como a operação será conduzida e disse que ela ocorrerá quando todos estiverem prontos.

Ren Xiaoping

Até onde se sabe, o protocolo que o chinês pretende seguir é semelhante ao do cirurgião italiano, e foi Xiaoping quem conduziu o transplante experimental com um macaco no início do ano. Aparentemente, a cirurgia foi um sucesso, já que, segundo foi divulgado, o animal não só sobreviveu ao procedimento, como não teria sofrido qualquer lesão neurológica — mas foi sacrificado por razões éticas 20 horas depois.

De acordo com Didi Kirsten Tatlow, do The New York Times, Xiaoping, que no momento atua na Universidade de Medicina de Harbin, na China, passou 16 anos nos EUA e fez parte do time de cirurgiões que conduziu o primeiro transplante de mãos nos Estados Unidos. O chinês virou manchete no ano passado por realizar milhares de transplantes de cabeça em ratinhos (veja imagem a seguir) e revelou que já está praticando o procedimento em cadáveres humanos.

Coitadinhos...

O anúncio do chinês gerou uma avalanche de críticas — e de interesse também, e um número não divulgado de chineses já teria se voluntariado para servir de cobaia na cirurgia. Um dos interessados seria Wang Huanming, de 62 anos de idade, que teria o corpo completamente paralisado do pescoço para baixo há seis anos.

Desafios

Os dois cirurgiões garantem que o transplante de cabeça tem como propósito ajudar pacientes com doenças degenerativas graves ou que foram desenganados pela Ciência para que eles possam ter suas vidas prolongadas — ao ter suas cabeças transplantadas para corpos saudáveis. No entantom desconsiderando a interminável lista de questões éticas associadas ao procedimento, quais são os principais desafios que a cirurgia apresenta?

Muitos desafios

Segundo Erin Brodwin, do portal Business Insider, para começar, as cabeças não permanecem vivas após serem cortadas. Veja, em qualquer transplante, que o tecido doado deve ser mantido vivo até ser colocado no corpo do recipiente. O problema é que, assim que um órgão é removido do organismo do doador, ele começa a morrer.

Para frear esse processo, os médicos resfriam os tecidos por meio de uma solução salina gelada para reduzir a energia que as células precisam para continuar ativas e frear a morte celular. No caso dos rins, esse método permite que eles sejam preservados por até 48 horas, enquanto um fígado pode ser mantido por cerca de 24 horas e um coração, entre cinco e 10 horas.

Entretanto, a cabeça humana guarda vários órgãos, como orelhas, nariz, boca, pele etc., além de dois sistemas glandulares, ou seja, o salivar, responsável por produzir saliva, e o pituitário, que controla os hormônios que circulam pelo organismo. Sem falar no cérebro, que é o centro de controle do corpo humano.

Mais desafios

Digamos que os cirurgiões consigam manter as cabeças vivas por tempo suficiente para realizar o transplante. Outro desafio seria a possibilidade — forte — de rejeição. Se os pacientes que receberam um único órgão sofrem esse risco, imagine um que receba um corpo inteirinho! E ainda existe a questão do tempo de duração da cirurgia propriamente dita.

Esquema de como a fusão da medula deve ser conduzida

O processo inteiro — de dissecar os pescoços de doador e paciente, separar veias, vasos, artérias, nervos, músculos, medula e demais estruturas e interligar tudo isso depois — deve ser feito em menos de uma hora. Isso mesmo, tudo precisa ser realizado em um período inferior a 60 minutos! Sem falar na questão da fusão da medula espinhal, que é a etapa mais complicada da já incrivelmente complicada cirurgia.

Se a conexão não acontecer, o cérebro e o novo corpo basicamente não poderão se comunicar, e os médicos estão apostando que tudo vai correr como planejado. Ademais, considerando que a fusão da medula dê certo, o transplantado deverá permanecer em coma por cerca de um mês, e isso também é um problema, pois os comas induzidos frequentemente resultam em infecções, surgimento de tromboses e atividade cerebral reduzida.

Não vai ser fácil

Ah! E tem mais um desafiozinho: antes de o transplante poder ser realizado em humanos, ele deverá ser conduzido extensivamente em animais — e convencer o painel ético responsável a aprovar uma operação desse nível (e que envolve um alto risco e grau de crueldade com os bichinhos) não será uma tarefa nada fácil. Sendo assim, a não ser que a cirurgia seja feita por conta, o que não é legal, estamos a décadas de distância de ver uma delas acontecendo de verdade.

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