Egípcios tentavam remover tumores da cabeça há 4 mil anos

03/06/2024 às 18:002 min de leituraAtualizado em 03/06/2024 às 18:00

Os tratamentos cirúrgicos para o câncer podem ser mais antigos do que se pensava, de acordo com um novo estudo, liderado pela arqueóloga da Universidade de Tübinge (Alemanha), Tatiana Tondini. A equipe descobriu evidências de tentativas de remoção de tumores em crânios de pessoas que viveram há 4 mil anos no Egito Antigo.

Conforme a pesquisa publicada na revista Frontiers in Medicine, no dia 29 de maio, um dos crânios apresenta marcas de cortes provavelmente feitas com um objeto pontiagudo de metal. Elas estavam próximas a um grande tumor primário e ao redor de outras 30 lesões menores.

Tumor do tamanho de uma moeda em um dos crânios. (Fonte: Frontiers in Medicine/Reprodução)
Tumor do tamanho de uma moeda em um dos crânios. (Fonte: Frontiers in Medicine / Reprodução)

Já o segundo crânio tinha uma lesão enorme na parte superior que levou à destruição do osso, associada ao câncer ósseo ou a um tipo de tumor chamado meningioma. Também foram localizadas outras duas lesões que se acredita terem sido causadas por ataques com armas afiadas.

Essas descobertas sugerem que a civilização egípcia conhecia a doença e queria desenvolver meios de lidar com ela. Até então, o registro mais antigo sobre o câncer datava do ano 1600 a.C., igualmente no Egito, em um texto que mencionava tumores de mama sem tratamento.

O início da medicina moderna

Marcas dos cortes no crânio. (Fonte: Frontiers in Medicine/Reprodução)
Marcas dos cortes no crânio. (Fonte: Frontiers in Medicine / Reprodução)

Pertencente à Coleção Duckworth da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, o crânio “236” era de um indivíduo do sexo masculino que viveu em algum momento entre os anos 2687 e 2345 a.C. no Antigo Egito. Ele tinha de 30 a 35 anos quando morreu, segundo o estudo.

Do tamanho de uma moeda, o principal tumor identificado no material fica no topo da cabeça, enquanto as lesões menores estão espalhadas por várias áreas. As marcas de corte têm pouco ou nenhum sinal de cura, sugerindo que ocorreram próximo à morte do indivíduo, talvez em uma última tentativa de salvá-lo.

“O que descobrimos é a primeira evidência de uma intervenção cirúrgica diretamente relacionada ao câncer. É aqui que começa a medicina moderna”, declarou à Live Science o paleopatologista da Universidade de Santiago de Compostela (Espanha), Edgard Camarós Perez, coautor da pesquisa.

Papel da mulher na antiguidade

Crânio da mulher. (Fonte: Frontiers in Medicine/Reprodução)
Crânio da mulher analisado no estudo. (Fonte: Frontiers in Medicine / Reprodução)

Além do tumor cancerígeno, o crânio identificado como “E270”, também da universidade britânica, chamou a atenção pelas lesões traumáticas adicionais relacionadas à violência, que estavam curadas. Os ossos pertenciam a uma mulher com mais de 50 anos que viveu em algum momento entre os anos 663 e 343 a.C.

Ferimentos associados a ataques não eram comuns em mulheres, na época, sugerindo que ela poderia estar envolvida em alguma atividade de guerra. Se era este o caso, seria necessário rever o papel das mulheres nos conflitos ocorridos durante a antiguidade, como destaca a pesquisa.

NOSSOS SITES

  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • Logo Mega Curioso
  • Logo Baixaki
  • Logo Click Jogos
  • Logo TecMundo

Pesquisas anteriores: