Fóssil de tartaruga-gigante milenar é encontrada na Amazônia brasileira

21/03/2024 às 09:002 min de leituraAtualizado em 03/04/2024 às 10:42

Recentemente, uma equipe de pesquisa internacional descobriu a existência de uma espécie de tartaruga-gigante e gentil que viveu nas águas da Amazônia pré-histórica. Uma criatura colossal com uma carapaça de 1,8 metro, maior do que qualquer tartaruga de água doce viva hoje. 

Essa criatura magnífica, que viveu milhares de anos atrás, foi nomeada de Peltocephalus maturin, em homenagem à tartaruga-gigante fictícia pertencente ao universo do autor Stephen King. Na história, a tartaruga foi responsável por "vomitar" o nosso Universo ao sentir uma dor de estômago. 

Gigante de água doce

Mandíbula da Peltocephalus maturin (a, b e c) em comparação com a da Peltocephalus dumerilianus (d). (Fonte: GS Ferreira et al, Biology Letters/ Divulgação)
Mandíbula da Peltocephalus maturin (a, b e c) em comparação com a da Peltocephalus dumerilianus (d). (Fonte: GS Ferreira et al, Biology Letters/ Divulgação)

Até então, as tartarugas de água doce de grande porte eram um tanto quanto desconhecidas, com poucos registros fósseis de exemplares com mais de 150 centímetros de comprimento. O fóssil encontrado mostra que há muita coisa escondida nas entranhas da Amazônia da qual não fazemos a menor ideia. 

A equipe, liderada pelo cientista brasileiro Gabriel S. Ferreira, do Centro Senckenberg para Evolução Humana e Paleoambiente da Universidade Eberhard Karls de Tübingen, na Alemanha, fez essa descoberta magnífica ao analisar uma gigantesca mandíbula fossilizada encontrada por garimpeiros numa pedreira em Porto Velho, Rondônia. Esse achado proporciona aos cientistas uma rica fonte de informações sobre essa espécie extinta. 

Com base na análise dos restos, os pesquisadores concluíram que a Peltocephalus maturin possuía uma dieta onívora e provavelmente compartilhava características com a moderna tartaruga-de-cabeça-grande-do-amazonas (Peltocephalus dumerilianus). 

Os pesquisadores estimaram que a carapaça do animal deve ter atingido os 180 centímetros, algo surpreendente, principalmente pelo fato da datação estimar que essa espécie viveu provavelmente entre 40 e 9 mil anos atrás, tempo muito mais recente do que a época que os grandes animais dominaram a Terra — mais ou menos no período do Mioceno, época entre 25 e 5 milhões de anos atrás.

Culpa dos humanos?

Fóssil de mandíbula gigante encontrado em Rondônia. (Fonte: Senckenberg/ Divulgação)
Fóssil de mandíbula gigante encontrado em Rondônia. (Fonte: Senckenberg/ Divulgação)

A presença dessas tartarugas-gigantes na mesma época em que os humanos começaram a se estabelecer na Amazônia há cerca de 12,6 mil anos sugere que esses dois grupos podem ter coexistido, talvez até tendo uma interação mais próxima do que temos registro. Afinal, se há a possibilidade das duas espécies terem habitado a mesma região por mais de mil anos, é bem difícil que elas não tenham se encontrado em algum momento da história. 

É possível que as tartarugas de água doce tenham sido uma fonte de alimento para os primeiros habitantes humanos. Contudo, esse tipo de tartaruga costuma ser muito ágil e de difícil captura, o que pode ter sido um grande problema em momentos mais remotos e sem grande quantidade de ferramentas. 

Por outro lado, os cientistas especulam que a expansão do ser humano pela região pode ter afetado a dinâmica dos bichos e contribuído para a sua extinção. 

De qualquer modo, essa descoberta ressalta a importância da pesquisa contínua nos depósitos do Pleistoceno Superior e do Holoceno Inferior da Bacia Amazônica, para que assim possamos entender melhor a história natural e a interação entre os animais pré-históricos e os seres humanos na Amazônia.

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