Estilo de vida
12/09/2024 às 06:00•2 min de leituraAtualizado em 12/09/2024 às 06:00
Um indiano chamado Deepu V, de 33 anos, quebrou recentemente o recorde mundial de maior número de casas decimais do número de Euler memorizadas. No teste decisivo, no qual inscreveu seu nome no Livro Guinness dos Recordes, o desafiante conseguiu enumerar, sem erro e em ordem, 14 mil dígitos em 49 minutos, superando facilmente o recorde anterior de 10.122.
Parecido com o pi, o número de Euler, cujo símbolo é a letra “e”, é um número irracional que forma uma constante matemática fundamental. Começando com 2,71828, ele a base dos logaritmos naturais e aparece em muitas áreas da matemática e ciências. Por não poder ser expresso como uma fração de dois números inteiros, o "e" tem uma expansão decimal infinita e não periódica.
Para realizar sua proeza, Deepu seguiu as estritas regras do Guinness: teve seus olhos vendados e seus ouvidos examinados antes da prova, como garantias para não trapacear. Durante a enumeração dos dígitos, quaisquer erros ou pausas maiores do que 15 segundos implicariam na sua desclassificação.
Segundo o site do Guinness, a facilidade em memorizar números acompanha Deepu V desde que era criança. Ainda jovem, ele estabeleceu um recorde nacional ao enunciar 2 mil dígitos do número irracional pi mais rápido do que qualquer pessoa, além de conseguir repetir de memória 500 números de telefone.
Quando descobriu que existia um recorde mundial para a memorização do maior número de casas decimais do número de Euler, o “mestre da memória” indiano ficou muito empolgado e correu a planejar uma estratégia para superá-lo.
Usando uma técnica pessoal de memorização baseada em tabela, ele passou quatro meses se preparando para o desafio. Todos os dias, de segunda a quinta-feira, ele memorizava 250 dígitos, e depois consolidava todas as memórias nos três dias restantes. Para treinar, ele gravava a enunciação dos decimais, e conferia para detectar possíveis erros.
Uma forma fácil de entender como chegamos ao número "e" é imaginar o crescimento de uma dívida que paga juros compostos. Suponha uma fatura do cartão de crédito de R$ 1000 que cobre 100% de juros ao ano (não se assuste, pois os números reais dessa modalidade no Brasil ultrapassam 430%).
Nesse caso, se os juros forem compostos uma vez por ano, você pagará R$ 2 mil no final do ano. Mas, se os juros forem compostos duas vezes por ano, você pagará R$ 2.250; já a contabilização mensal levaria a dívida, grosso modo, a R$ 2.610. Finalmente, se os juros forem compostos infinitamente, o valor no final do ano seria o número "e": aproximadamente R$ 2.7182,81 e mais infinitas casas decimais.
Para simplificar, Deepu fez uma tabela com 10 colunas e 20 linhas. "Adicionei cinco dígitos em cada coluna, portanto, em uma coluna de uma linha completa, há 50 números. E com 20 linhas em uma página, haverá um total de 1.000 dígitos. Da mesma forma, em 14 páginas, consegui incluir 14 mil dígitos", resumiu o campeão ao Guinness.