Ciência
29/04/2024 às 20:00•2 min de leituraAtualizado em 29/04/2024 às 20:00
A população do nosso planeta já ultrapassou a marca de oito bilhões de pessoas. E, por mais que para os próximos anos ainda seja possível verificar um padrão de crescimento, a tendência é que isso não dure muito.
Segundo um estudo recente do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME) da Universidade de Washington, estamos prestes a testemunhar uma mudança dramática nas taxas de fecundidade global. Em apenas algumas décadas, a maioria dos países enfrentará uma queda significativa nas taxas de natalidade, levando a uma redução populacional até o final do século.
O principal resultado obtido pelo estudo do IHME é que mais de três quartos dos países não serão capazes de sustentar o tamanho de sua população até 2050. E até o final do século, essa deverá ser a realidade de mais de 97% dos países.
Para chegar a estas conclusões, a equipe trabalhou com um modelo que leva em conta as taxas de fecundidade das mulheres com idades entre 10 e 54 anos em 204 países, entre os anos de 1950 a 2021. A partir disso, foi realizada uma estimativa para as próximas décadas, até 2100. O estudo confirmou outra publicação de 2020, que já apontava para esta tendência.
Porém, o estudo também permitiu verificar os países que apresentam uma tendência de crescimento populacional. Aproximadamente 77% dos nascimentos são esperados em países de baixa e média-baixa renda até o final do século. Isso já segue um padrão observado em 2021, quando 29% dos nascimentos do mundo foram registrados na África subsaariana — e isso deve aumentar para mais de 54% até 2100.
A equipe do IHME destacou que os dados obtidos pelo estudo também implicam em algumas consequências que todos os países irão enfrentar. Por exemplo, uma taxa menor de fecundidade resulta em uma população mais idosa. Isso gera um problema socioeconômico para garantir uma maior qualidade de vida para essas pessoas.
A solução para lidar com isso pode vir de políticas públicas que estimulem os casais a terem mais filhos. Outra possibilidade, seria a flexibilização das imigrações. Isso permitiria que as pessoas nascidas em países com uma densidade populacional maior, possam contribuir economicamente em outros locais.
“Políticas sociais para melhorar as taxas de natalidade, como licença parental ampliada, creches gratuitas, incentivos financeiros e direitos adicionais de emprego, podem fornecer um pequeno impulso às taxas de fecundidade, mas a maioria dos países permanecerá abaixo dos níveis de reposição”, explicou Dra. Natalia V. Bhattacharjee, principal cientista de pesquisa do IHME. “E uma vez que a população de quase todos os países está diminuindo, a dependência da imigração aberta se tornará necessária para sustentar o crescimento econômico. Os países da África subsaariana têm um recurso vital que as sociedades envelhecidas estão perdendo — uma população jovem”.