Ciência
29/07/2024 às 16:00•2 min de leituraAtualizado em 29/07/2024 às 16:00
Em 2023, arqueólogos escavavam perto de Nápoles, na Itália, quando descobriram um túmulo ornamentado com afrescos que remetiam a uma conhecida figura mitológica: Cérbero, o cão de três cabeças que, segundo a mitologia grega, era o guardião do reino subterrâneo dos mortos.
Eles apelidaram o local de “Tumba de Cérbero” e seguiram coletando materiais que estão dentro dela. Agora, com o uso de uma pequena câmera, os estudiosos anunciaram ter visualizado o que há dentro desse sarcófago.
A equipe descobriu a Tumba de Cérbero por acidente. Eles acreditavam que as paredes apontavam ao fim de um cemitério, mas acabaram encontrando uma laje de pedra com afrescos e dois sarcófagos.
Inicialmente, os pesquisadores optaram por não abrir os sarcófagos para evitar danos ao material. Mas, este ano, finalmente foram capazes de realizar uma operação para ver o que há dentro deles. A partir de uma pequena câmera, eles conseguiram "espiar" por uma pequena abertura.
Esta câmera captou imagens de um corpo envolto por uma mortalha, deitado em posição supina (quando a pessoa está deitada de face para cima). O material da mortalha havia sido preservado pelas condições dentro da tumba.
Além dos restos humanos, eles captaram imagens de algumas oferendas funerárias como cerâmicas e estrígiles, que são as ferramentas que eram usadas pelos antigos romanos usavam para raspar sujeira, suor e óleo da pele antes de um banho.
Mariano Nuzzo, que é superintendente do Ministério da Cultura da Itália, informou em um comunicado que a descoberta é muito importante ao país. “Nos últimos meses, análises laboratoriais conduzidas em amostras retiradas das inumações e dos leitos de deposição retornaram uma quantidade considerável de dados sobre o tratamento do corpo do falecido e o ritual funerário realizado, enriquecendo significativamente o panorama do nosso conhecimento”, afirmou.
Os testes realizados nos materiais que estavam no sarcófago mostraram a presença de uma planta chamada quenopódio e de absinto. As substâncias provavelmente foram colocadas no cadáver na forma de creme para evitar que ele se deteriorasse.
Além disso, os afrescos estão maravilhosamente conservados. Eles mostram o monstruoso cão, que pertencia ao deus Hades, durante uma cena dos doze trabalhos de Hércules, o herói que o capturou. Há ainda representações de cenas mitológicas com ictiocentauros, seres com a parte superior do corpo de humanos, as patas dianteiras e metades inferiores anteriores de cavalos e caudas semelhantes às de peixes.
Os pesquisadores ainda afirmam que a opulência encontrada no túmulo sugere que a pessoa enterrada ali possivelmente era alguém importante, como um chefe de uma família poderosa. “A pesquisa arqueológica contínua e a amostragem e análise laboratorial nos próximos meses produzirão dados interessantes adicionais”, concluiu o representante do Ministério da Cultura.