Ciência
07/05/2022 às 06:00•2 min de leitura
O imperador romano Nero é conhecido na história por conta do grande incêndio que causou em Roma, deixando a cidade em chamas. Os relatos em torno dele também contam que Nero foi um tirano, responsável por vários assassinatos, inclusive o da própria mãe, Agripina.
Mas há também historiadores que questionam a versão de que ele teria sido tão cruel e incapaz de boas ações em seu governo. Novas informações sugerem que Nero poderia ter também um lado bom, por incrível que pareça.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Nero nasceu durante o império de Calígula, que era irmão de seu pai, Cláudio. Com o assassinato de Calígula, Cláudio subiu ao trono. Ele então se casa com Agripina e adota Nero, logo o declarando como seu sucessor. Assim, quando Cláudio morreu, Nero se tornou imperador no ano de 54 d.C., aos 16 anos.
Seu mentor era o filósofo Sêneca. No entanto, Nero largaria logo os ensinamentos de seu professor. Após sofrer uma tentativa de golpe de sua mãe, ele teria forjado seu assassinato e feito parecer um suicídio.
Seus períodos seguintes teriam sido de degradação moral e libertinagem. Em 65 d.C., Nero ateou fogo em Roma, destruindo dois terços da cidade, apenas pelo prazer de ver o lugar arder em chamas. O incêndio durou 6 dias.
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(Fonte: Kraft74/Shutterstock)
Em 2021, uma exposição no British Museum, em Londres, chamada Nero, the man behind the myth ("Nero, o homem por trás do mito", em português), trouxe novas informações que podem refazer a imagem totalmente negativa deste imperador. Os dados desta exposição mostram que, quando Nero chegou ao poder, ele era extremamente popular: os cidadãos realmente acreditavam que ele traria renovação à política e melhoras em suas vidas.
Mesmo inexperiente, Nero teria tomado algumas decisões acertadas. Ele proporcionou reformas tributárias e fiscais importantes para Roma. Também melhorou a distribuição dos alimentos para a população romana e deu dinheiro para os mais pobres.
Nero também proporcionou grandes obras arquitetônicas para o império. Uma delas foi a Domus Aurea (Casa Dourada), um palácio imponente totalmente incrustado de ouro, marfim e pedras preciosas, que se tornou o palácio do seu governo. Seu gosto pela arquitetura moderna também se refletiu ao apoio que deu a outras construções.
Por conta de tudo isso, sua fama foi se tornando muito positiva, a ponto de seu visual virar moda: o cabelo curto e o rosto de Nero passou a ser replicado na arte e espalhado por toda Roma.
(Fonte: Wikimedia Commons)
A mostra não sugere que Nero não tenha sido um governante cruel, mas mostra que talvez ele tenha sido mais que isso. Segundo creem os curadores da exposição, a má reputação de Nero pode ter sido construída inicialmente pelos ricos e poderosos que eram prejudicados por suas ações. "Essa é provavelmente uma das razões pelas quais temos uma imagem tão negativa dele, porque a elite é quem escreveu os livros de história", disse Francesca Bologna, uma das curadoras, em entrevista à BBC.
Além disso, Nero era também um artista. Ele teve aulas de música e amava a luta dos gladiadores. Por isso, organizava muitos combates e espetáculos públicos, o que deve ter favorecido a sua popularidade.
Assim, a má fama de Nero pode ter a ver com quem registrou a história do seu império. "Ele teve o azar de ser o último imperador da dinastia romana júlio-claudiana. Então, quando ele morreu, houve um período de guerra civil e caos, e depois disso, uma nova dinastia chegou ao poder. E todas as histórias sobre Nero foram escritas sob essa nova dinastia, que teve que se legitimar e representar o período anterior da pior forma possível", explicou Bologna.