Artes/cultura
29/08/2022 às 13:30•2 min de leitura
Durante cerca de três décadas, milhões de pessoas foram vítimas dos Gulags, locais que funcionavam como campos de concentração e trabalho forçado usados pela União Soviética. Ali, prisioneiros de políticos, rebeldes, criminosos e nazistas eram forçados a trabalhar em condições desumanas, com pouca comida e sob temperaturas baixíssimas.
Dentre os piores destes locais estava o Gulag de Vorkuta, localizado a aproximadamente 1610 quilômetros de distância de Moscou. Passaram por ali cerca de dois milhões de pessoas durante os anos em que o Vorkutlag — como também era conhecido — ficou em atividade, e quase 200 mil morreram lá.
A ideia por trás dos campos de trabalho forçado era simples: ao mesmo tempo em que funcionavam como cativeiro para os mais variados tipos de prisioneiros, os Gulags também forneciam mão de obra gratuita.
Com a descoberta de carvão na República de Komi, na região da Sibéria, na Rússia, um pequeno grupo com pouco mais de 20 prisioneiros, geólogos e guardas foi enviado para começar as escavações no ano de 1931. Surgia ali a primeira mina de Vorkuta, que seria finalizada um ano depois.
O Gulag de Vorkuta foi um dos mais temidos campos de trabalho forçado da URSS
Nos anos seguintes, a escavação foi crescendo cada vez mais e, com isso, o Gulag também se expandia a ponto de se tornar um dos maiores de toda a URSS. Outros campos menores foram sendo montados ao seu redor, criando um imenso complexo com milhares e milhares de prisioneiros.
A rotina no Gulag de Vorkuta não era fácil. Primeiramente, era necessário lidar com o frio brutal, mais do que suficiente para levar uma pessoa a óbito. Este aspecto era ainda pior para os primeiros prisioneiros do local, que precisavam dormir em cabanas que mal lhes protegiam das condições extremas do clima.
Os que sobreviviam ao frio precisavam então lidar com o segundo aspecto desumano do Gulag: o trabalho excessivo e exaustivo. Os presos acordavam todos os dias às 5 horas da manhã e trabalhavam por cerca de 12 horas todos os dias.
Prisioneiros eram obrigados a trabalhar em condições subumanas e encarar temperaturas baixíssimas
E mesmo tendo de lidar com tanta exploração, sofrimento e a incerteza de que estariam vivos no dia seguinte, tentar escapar, embora fosse uma alternativa, não era aconselhado. Afinal, quem fosse pego tentando fugir era brutalmente espancado e enviado nu para a solitária.
Em um dado momento, em 1953, um grupo de prisioneiros já não suportava mais viver — ou melhor, sobreviver — naquela situação. Eles decidiram então parar de trabalhar e iniciaram uma greve que, é claro, durou pouco. Eles foram alvejados pelos guardas, resultando em muitos feridos pelos disparos e dezenas de mortos.
Com o tempo, felizmente os campos de concentração e trabalho forçado foram começando a se enfraquecer e dissolver. E o pesadelo do Gulag de Vorkuta especificamente teve fim em 1962, depois de décadas de sofrimento e mais de 200 mil mortes.