Ciência
04/09/2022 às 11:00•3 min de leitura
Nesta semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou que o surto da varíola dos macacos registrou, em números oficiais, 50 mil casos. A maior parte dos infectados estão na América do Norte e na Europa, mas o surto já chegou ao Brasil.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, tem tranquilizado a população mostrando que os indícios são de queda nos números, provando que o monkeypox (outra maneira de se referir à doença) está sob controle. No intuito de acalmar a população, apresentamos alguns fatos conhecidos sobre a ela. Confira!
(Fonte: Shutterstock)
O primeiro registro de varíola dos macacos foi feito em um centro de pesquisa na capital dinamarquesa, Copenhague, no ano de 1958. Eram macacos que viviam em cativeiro, mas cujas pesquisas sugerem não ser o real reservatório animal do vírus causador da enfermidade.
O primeiro grande surto conhecido ocorreu em 2003, provavelmente trazido da África por animais infectados, acomodados junto a cães, que seriam vendidos como animais de estimação. A atual cepa da monkeypox, diferente dos casos anteriores, está se transmitindo entre humanos e surgiu a partir de várias mutações.
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Segundo informações trazidas do órgão de controle e prevenção de doenças dos Estados Unidos, a varíola dos macacos tem sido transmitida por meio de contato físico próximo e sustentado. Até o momento, cerca de 99% dos casos foram registrados em homens, sendo que negros e latinos têm sido mais afetados pela doença (54% dos casos).
É importante ressaltar que, ainda que a maioria dos casos tenham ocorrido entre homens gays, a varíola dos macacos não é uma doença que afeta grupos específicos, mas, sim, todos os humanos. Não há ligação entre orientação sexual e a doença.
Ainda não há consenso se a monkeypox é uma doença sexualmente transmissível ou não, mas já há dados suficientes para afirmar que ela se espalha, principalmente, pelo contato sexual, através da troca de fluidos corporais e contato entre peles com lesões.
(Fonte: Shutterstock)
Segundo um estudo publicado na revista científica New England Journal of Medicine, conduzido com mais de 500 pacientes infectados pela varíola dos macacos em 16 países diferentes, o sintoma clássico da doença são as erupções cutâneas, que inicialmente tem aspecto semelhante à acne ou bolhas.
O período de infecção é de duas a quatro semanas, tempo em que as lesões podem progredir a quatro estágios: 1) planas ou elevadas, 2) cheias de líquidos, 3) cheias de pus e, finalmente, 4) formação de crostas.
Na pesquisa, 70% das lesões relatadas atingiram as regiões próximas aos genitais e ao ânus. A boca também foi bastante afetada. No demais, os sintomas são muito semelhantes aos da gripe: dor de cabeça, febre e gânglios inchados.
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Há um teste capaz de detectar a varíola dos macacos. Trata-se do PCR, o mesmo que ficou conhecido durante a pandemia de coronavírus. Porém, o método de coleta para a realização do exame é diferente. No caso da monkeypox, o teste é feito tendo como base o material genético presente nas lesões da pele, sintoma característico da enfermidade.
Várias amostras de diferentes partes do corpo são coletados, através do furo da bolha e raspagem com o cotonete na base. Segundo os médicos, o melhor momento para a realização do teste é na fase de bolha, já que as secreções armazenam maior quantidade de vírus.
Isso, no entanto, não significa que a varíola dos macacos seja indetectável em outras fases, incluindo na cicatrização. O teste pode ser feito nas redes públicas e privadas.
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Quem já foi contaminado em alguma fase da vida por varíola humana, possivelmente possui imunidade para a varíola dos macacos. A vacinação foi aplicada no Brasil até 1979, e, desde 1973, possuímos certificação internacional de erradicação da doença. As vacinas que têm sido utilizadas partem do mesmo produto existente para a varíola comum. Alguns países no exterior já a estão aplicando.
No Brasil, ainda não há previsão de uma campanha de imunização em massa. Os nascidos até 1979 (último ano da aplicação do imunizante nos postos de saúde) que foram vacinados devem estar protegidos contra a monkeypox — a faixa média de contaminação está abaixo de 38 anos.
(Fonte: Shutterstock)
A Covid-19 deixou o mundo em alerta. Porém, apesar do risco, no momento (ênfase nisso), os infectologistas acham pouco provável que a varíola dos macacos se torne uma nova pandemia. Os números estão sob controle, como mostram dados da OMS, e os governos estão mapeando e agindo com maior seriedade do que ocorreu com o coronavírus.
Porém, acredita-se que a doença posse se tornar endêmica. De toda forma, os estudos precisam ser mais prolongados, tanto para entender a transmissão, como para descobrir quem são os animais reservatórios do vírus.