Saúde/bem-estar
04/05/2022 às 08:00•2 min de leitura
Registros históricos atribuem a Edward Jenner (1749-1823) a criação da vacina contra a varíola bovina no ano de 1796. O primeiro a recebê-la, um menino de 13 anos, se tornou imune à doença que, na época, era bastante comum em todo o Reino Unido.
Dois anos depois, o médico inglês novamente conquistou notoriedade ao desenvolver a primeira vacina contra a varíola. Esse experimento foi o que possibilitou erradicar a doença em todo o mundo em 1979.
Apesar desse grande acontecimento, imunização não é um assunto recente. Muitas práticas já foram desenvolvidas no decorrer da história para tornar pessoas imunes a vírus e infecções.
Durante o século XVI, a proteção contra doenças não era inoculada por meio de uma injeção, mas, sim, pelas vias aéreas. Diversos documentos explicam que na China e na Índia era comum secar e moer as cascas das feridas dos infectados pela doença.
Esse pó era, então, soprado no rosto de pessoas saudáveis para tornar o sistema imunológico capaz de combater a doença de forma efetiva. Também há indicações que sugerem que esse pó também era depositado em arranhões na pele, com o intuito de obter o mesmo resultado.
O período da colonização das Américas foi marcado por inúmeros conflitos entre as tribos nativas e os colonizadores. Uma das ameaças mais graves era a transmissão de doenças que eram, até então, desconhecidas no continente americano.
No território dos Estados Unidos, casos de varíola e febre-amarela destruíram comunidades inteiras, transformando essa infecção em uma verdadeira praga. Um dos poucos registros da época recomendava o isolamento dos infectados para conter a contaminação. Outra publicação, feita em Boston, declarava que os sobreviventes se tornavam imunes ao contágio.
Curiosamente, a descoberta dessa prática na África ocorreu a partir do relato de um escravizado nascido na Líbia. Em 1706, Cotton Mather (1663-1728) confirmou a sua teoria ao verificar que diversos escravizados em Boston tinham a mesma cicatriz e eram imunes a varíola.
Embora a prática variasse entre os grupos éticos da região subsaariana, esse método de imunização consistia em coletar fluídos dos doentes aplicá-los em pequenos cortes feitos na pele dos braços. Quem passava por esse tratamento recebia uma cicatriz e proteção contra a doença.
O ano de 1853 marcou o surgimento da era da vacinação obrigatória, na qual recém-nascidos recebiam a vacina contra varíola já nos primeiros 3 meses de vida. Historicamente, esse é o momento que identificamos como a origem do calendário vacinal que existe hoje.
Por causa desse esforço, doenças como poliomielite, sarampo, catapora, rubéola e caxumba são consideradas erradicadas ou com pouquíssimas incidências na população. Essa é uma vitória alcançada por meio de um modelo de vacinação robusto que começa nas primeiras horas de vida da criança e deve continuar até a idade adulta.
Pessoas contrárias à vacinação não são uma exclusividade dos tempos modernos. Quando a prática começou a ser disseminada no século XIX, havia aqueles que eram contrários à prevenção de doenças.
Essa opinião tem origem em preceitos religiosos: basicamente, para alguns, o contágio de qualquer doença era causada por intervenção divina. Portanto, prevenir que alguém se contaminasse seria um ato contra a vontade de Deus.
Hoje, esse movimento é muito mais forte e continua fazendo vítimas de doenças que eram consideradas erradicadas. Desde 2019, com a pandemia de covid-19, vivemos um período de disseminação de fake news no que diz respeito a doenças — e isso inclui as vacinas desenvolvidas para combater o coronavírus.
Devido a inúmeros avanços médicos e científicos, a criação de vacinas em tempo recorde é um dos milagres da modernidade e deve ser valorizada como a proteção fundamental que representa.