Saúde/bem-estar
10/06/2023 às 12:00•2 min de leitura
Há 10 mil anos, os primeiros humanos passavam a maior parte do tempo caçando, coletando ou pescando alimentos. E foi o contato constante com animais que nos fizeram absorver vários tipos de hábitos, mas, sobretudo, aprendizados.
Acredita-se que os primeiros humanos começaram a amamentar seus filhos como os animais fazem com seus filhotes, ao perceber que o leite é uma fonte nutricional ideal para os bebês sobreviverem e prosperarem. Afinal, o leite materno é projetado para sustentar a vida como uma fonte de alimento completa.
Essas civilizações, baseadas na agricultura, foram tão bem-sucedidas que se espalharam pela região do Mediterrâneo, Europa, Ásia e Oriente Médio nos milhares de anos seguintes. Elas domesticaram espécies de animais para utilizá-las como fonte de leite, incluindo camelos, vacas, cabras, ovelhas, burros, cavalos, búfalos e renas.
Esses povos primitivos perceberam que quem consumia leite tinha uma vantagem competitiva sobre aqueles que não tinham uma fonte estável de alimento. Foi esse fornecimento constante que permitiu que assentamentos e comunidades se desenvolvessem.
O leite se enraizou de tal maneira na dieta básica do ser humano, que o papa Inocêncio VIII achou que o leite materno o salvaria da morte.
Papa Inocêncio VIII. (Fonte: Wikimedia Commons)
No século XV, o papa Inocêncio VIII não só foi o responsável por liderar a Igreja Católica como esteve associado a um passado obscuro. Ele patrocinou a cruzada pessoal de um inquisidor contra as bruxas, sendo que a própria Igreja alegava que as bruxas não existiam. E, para piorar, caçar bruxas era considerado um pecado porque era afirmar que o Diabo concede poderes especiais a pessoas ruins – o que já era considerado um blasfêmia.
Mas isso não foi tudo. Inocêncio também criou as próprias cruzadas para lutar contra alguns cristãos que considerava "desonestos" e estavam foragidos. Além disso, ele teve dois filhos ilegítimos antes de ascender como autoridade papal – nada que não fosse comum na época.
No verão de 1492, a jornada de Inocêncio começou a chegar ao fim quando ele adoeceu. Foi nesse momento que surgiu a lenda de que um médico sugeriu uma transfusão de sangue – a primeira da história – como cura para seu caso. Por culpa de sua vida infame, por séculos acreditaram que Inocêncio teria bebido sangue humano coletado de três meninos de 10 anos que se ofertaram para salvar a sua vida.
(Fonte: Getty Images)
É um consenso entre os historiadores que a ideia de que o papa Inocêncio se tornou uma espécie de Elizabeth Báthory do seu tempo foi uma grande invenção. Até porque faltam evidências de que ele teria bebido sangue na tentativa de sobreviver. Por outro lado, o papa, de fato, bebeu um fluido diferente nos seus últimos dias, mas era leite materno.
A narrativa de que o homem se tornou um vampiro quando adoeceu surgiu devido aos vários registros históricos de que jovens mães foram convocadas aos seus aposentos até o dia de sua morte. Uma vez que os bebês digerem o leito humano melhor do que o de vaca, o médico do papa acreditava que era isso que o salvaria. Os adultos, no entanto, têm sistemas digestivos muito diferentes dos bebês, mas isso ainda estava fora do alcance da medicina rudimentar da época.
Sem bombas de leite disponíveis naquele tempo, Inocêncio teve que mamar diretamente do seio das jovens, que acabaram se tornando suas amas de leite. Mas nada disso adiantou, porque em 25 de julho de 1492, o papa faleceu em Roma, na Itália.