Mulheres iranianas vivem a crueldade de certificar sua virgindade

17/08/2022 às 14:002 min de leitura

No Brasil, um dispositivo vigorou de 1916 a 2003, permitindo homens de anular o casamento caso descobrissem que suas esposas não eram virgens antes do matrimônio. Por sorte, hoje é lembrança do passado. Contudo, hoje, 2022, a prática que autoriza homens exigirem certificação da castidade de mulheres ainda é comum no Irã.

Ainda que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considere a prática um atentado aos direitos humanos, no país asiático ainda é comum que mulheres, após firmarem noivado, encaminhem-se ao médico com o objetivo de realizar um exame que comprovará sua virgindade.

Não é só o Irã; não é só o homem

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Por mais absurda que a certificação de virgindade seja, o caso do Irã não é sua exclusividade. Dados da OMS apontam que muitos países realizam o infame exame, com anuência de seus líderes e da legislação local. Na lista, país como Indonésia, Iraque e Turquia, conhecidos pela restrição de direitos às mulheres.

Talvez o detalhe mais sórdido da existência da prática seja a pressão exercida pelas famílias. A Organização Médica Iraniana declara que só realiza o procedimento em processos judiciais e acusações de estupro. Todavia, as nações citadas são conhecidas pela população conservadora, não sendo incomum que recorram a clínicas particulares.

Na maior parte das vezes, as mulheres chegam acompanhadas das próprias mães. Curiosamente, por vezes o pedido parte da família da mulher, que deseja manter intacta a imagem familiar. Médicos relatam que, às vezes, o próprio casal já se relacionou sexualmente, e que a família quer impedir que a "vergonha" recaia sobre todos eles.

Crescem os pedidos pelo fim da prática

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Uma onda pela defesa das mulheres vem crescendo no Irã. Ainda que a virgindade ser um valor enraizado na cultura local, movimentos têm defendido que a prática da certificação seja abolida. Em novembro do ano passado, uma petição online que defendia o fim do teste recebeu incríveis 25 mil assinaturas no período.

Nunca antes na história do Irã tantas pessoas tinham se colocado abertamente contrárias ao teste. Mulheres que já o realizaram afirmam que a sensação é pior que ter sua privacidade violada, assemelhando-se a uma humilhação pública.

Em situações de desespero, mulheres que têm condições recorrem à reparação do hímen. Diferente do exame, há uma grande barreira social para a realização do procedimento, que mesmo não sendo ilegal pode colocar hospitais em risco.

Organizações dizem ter esperança de mudança

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Organizações de direitos das mulheres se dizem esperançosas de quem ventos de mudanças possam chegar aos países que ainda conduzem este tipo de prática. No caso iraniano, a petição não deve trazer nenhum mudança a curto prazo. Ainda assim, milhares de mulheres a têm assinado.

A pressão internacional é grande para que os certificados de virgindade deixem de ser solicitados. A realidade pode vir a diferir em nações como a Indonésia e Turquia, mais suscetíveis às sanções da comunidade internacional, em especial da comunidade europeia e dos Estados Unidos.

Mesmo que o horizonte ainda seja turbulento, o crescimento das manifestações em favor do fim dos testes indicam que a esperança pode não ser em vão.

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