Racismo ambiental: a prática que destrói o planeta e a vida das minorias

24/08/2022 às 04:003 min de leitura

O processo de gentrificação de uma área urbana, ou, em palavras populares, "aburguesamento", difere-se do racismo ambiental principalmente por ter como alvo um grupo minoritário que já sofre com todos os tipos de opressões sociais, como os negros.

O problema se concentra em como bairros povoados por grupos em condições socioeconômicas muito vulneráveis são sobrecarregados com números desproporcionais de resíduos tóxicos, depósitos de lixo e outras fontes de poluição ambiental, reduzindo a qualidade de vida e, ao mesmo tempo, colocando-a em risco com as possibilidades de infecções e doenças de naturezas diferentes.

Ou seja, conforme a luta contra as mudanças climáticas crescem, as comunidades minoritárias sofrem de maneira desproporcional.

A raiz do problema

(Fonte: Atlantic Council/Reprodução)(Fonte: Atlantic Council/Reprodução)

Embora não seja adotado por órgãos do governo federal, o termo "racismo ambiental" foi cunhado por Benhamin Chavis, ex-chefe da Comissão de Justiça Racial da Igreja Unida de Cristo, durante os protestos de 1982 contra o plano de colocar um aterro de resíduos perigosos em Warren, na Carolina do Norte (EUA), onde havia uma comunidade predominantemente negra.

Com isso, a Agência de Proteção Ambiental tomou a inciativa de investigar três aterros em situação semelhante em estados do sul do país, descobrindo que todos estavam, convenientemente ou não, alojados em áreas negras ou de baixa renda. Em 1987, foi lançado um relatório por Chavis intitulado "Resíduos Tóxicos e Raça nos Estados Unidos: Um Relatório Nacional sobre as Características Econômicas de Comunidades com Locais de Resíduos Perigosos", desenterrando todo o preconceito que tentava sepultar as comunidades minoritárias ao cometer crimes ambientais nas cercanias onde se estabeleceram.

(Fonte: National Geographic/Reprodução)(Fonte: National Geographic/Reprodução)

Diante do escândalo que desencadeou uma série de ações governamentais em prol da justiça ambiental, o então presidente norte-americano George Bush fundou o Escritório de Justiça Ambiental na Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA). Em seguida, Bill Clinton promoveu uma série de proteções ao assinar uma ordem executiva que exigia que agências federais tratassem da justiça ambiental em populações minoritárias e de baixa renda em todas as políticas.

O Congresso, porém, nunca aprovou nenhum projeto para tornar a medida, efetivamente, uma lei. E, muito embora até o gabinete do então presidente Barack Obama tenha se comprometido em lutar pela justiça ambiental, nenhuma legislação foi aprovada. Durante a administração do presidente Donald Trump, tão somente nada foi feito quanto o orçamento da EPA foi todo revertido, deixando ainda mais vulnerável as comunidades negras que sofrem com o problema.

A voz como ferramenta

(Fonte: NRDC/Reprodução)(Fonte: NRDC/Reprodução)

Combater o problema imenso que se tornou o racismo ambiental é complicado porque há muitas barreiras até chegar na raiz da questão, a começar pelas econômicas. Isso porque as indústrias que chegam nas áreas vulneráveis habitadas pelos negros e muito pobres, oferecem trabalhos que pagam bem o suficiente para que eles sobrevivam naquela realidade, em “troca” de poluir o ambiente em que estão.

Portanto, fica meio difícil para elas não escolherem pelo dinheiro, ainda que seus familiares estejam perecendo com doenças, normalmente cânceres de todos os tipos, e porque a fome acaba sempre chegando em primeiro lugar. A saúde a longo prazo acaba nunca sendo a primeira opção para essas pessoas.

Em meio a esse caos sem saída, começar a praticar a autoeducação é uma maneira de conseguir entender o que está acontecendo, por isso estudantes de universidades se mostraram cada vez mais ativos em comunidades minoritárias alvos de racismo ambiental, tentando conscientizar os moradores que não tem acesso a esse tipo de informação sobre os perigos que correm, tendo como base o relatório de Chavis.

(Fonte: PBS/Reprodução)(Fonte: PBS/Reprodução)

É também possível colaborar na amplificação das vozes dos defensores da justiça social nessas comunidades, criando plataformas para que as populações minoritárias compartilhem suas experiências com o racismo ambiental. A internet se tornou uma ferramenta essencial para isso, podendo alcançar um público e atenção expressivo. No entanto, é preciso que essa ajuda virtual não caia no slacktivismo: uma nova tendência em que as pessoas limitam seu ativismo as suas postagens nas redes sociais. Doar, se for possível para sua realidade, ou ser voluntário ativo já é um passo imenso.

Usar o poder do boicote para conseguir responsabilizar as corporações que perpetuam o racismo ambiental no processo de desenvolvimento de suas mercadorias, é outra maneira de trazer justiça para as vítimas. As empresas se tornaram cada vez mais transparentes com relação às práticas ambientais, porém ainda acham comum o que acontece em comunidades vulneráveis.

Se isso funcionar, uma opção é investir seu dinheiro em economia local, por exemplo, comprando mantimentos de pequenas empresas. Enquanto isso, é preciso que as pessoas em posições de poder sejam cada vez mais pressionadas para proibir a locação de resíduos perigosos em comunidades minoritárias.

A voz é a única ferramenta para combater o problema no momento, e ela precisa ser usada.

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