
Ciência
21/11/2022 às 11:00•2 min de leitura
Os movimentos que questionam o mercado de trabalho são cada vez mais fortes. Depois do quiet quitting, que prega que os trabalhadores façam o mínimo em suas funções, agora emerge o movimento do unbossing, que pensa em um mundo sem a figura opressora de um chefe.
Neste texto, contamos como isso funciona e por que isto já está acontecendo em muitos lugares.
(Fonte: Shutterstock)
A proposta do unbossing, na verdade, é relativamente simples: ele discute mudanças na cultura organizacional das empresas, pensando em sistemas como hierarquias menos delimitadas e focando em processos mais colaborativos.
O termo unboss (que quer dizer "sem chefe") começou a ganhar popularidade por conta do livro UNBOSS, de 2012, escrito por Lars Kolind e Jacob Bøtter. Na obra, os autores defendem que uma cultura de trabalho mais baseada em propósitos e colaboração do que em hierarquia e competição tende a trazer mais resultados.
Ou seja, unbossing tem a ver menos com uma metodologia e mais como uma mentalidade de trabalho que pode ser assumida dentro das corporações. Nesse sistema, ninguém seria menos importante que o colega. As relações de trabalho tendem a valorizar o compartilhamento de ideias e a transparência.
(Fonte: Shutterstock)
Estas discussões se intensificaram os últimos anos por conta de vários mudanças no mercado de trabalho. A pandemia, por exemplo, fez com que muitos se dessem conta que os modelos poderiam ser mudados — como a possibilidade de trabalhar mais em casa, de forma mais autônoma.
Segundo Ricardo Haag, sócio da Wide, que trabalha com recrutamento de pessoas, este cenário já está sendo refletido nas empresas. "Surpreendentemente, os benefícios desta proposta foram rapidamente sentidos por muitos empresários – evidenciando as vantagens que a autonomia aos profissionais possibilita no que diz respeito à sua maior felicidade, engajamento e produtividade", explica.
Uma pesquisa feita pela Harvard Business Review revelou que 66% dos trabalhadores abririam mão de cargos de chefia por oportunidades que tragam uma maior liberdade em suas funções. "Este dado deixa claro que assumir a liderança do negócio já deixou de ser o sonho de consumo da maioria dos profissionais, atraídos muito mais por vagas que estimulem o diálogo, incentivo e colaboração entre os membros da empresa", aponta Haag.
A mentalidade do unbossing preza pelo incentivo à autonomia dos funcionários - os gestores teriam uma função mais de direcionar os times do que de "mandar" ou exercer a autoridade hierárquica. Ricardo Haag, contudo, diz que este sistema demanda de uma maturidade por parte dos trabalhadores, que precisam saber atuar com eficiência sem a presença constante de uma cobrança superior.
Com o aumento do home office e a ascensão do trabalho híbrido (o que se divide entre presencial e remoto), imagina-se que cada vez mais pessoas irão se acostumar com essa mentalidade de trabalhar sem chefe, o que pode significar um aumento de satisfação.