Ciência
22/02/2024 às 08:30•2 min de leitura
As pessoas com psicopatia são constantemente descritas como egocêntricas, manipuladoras e até cruéis ou criminosas. Você não precisa nem pesquisar tanto para encontrar diversas histórias de crimes atribuídos a psicopatas. Por outro lado, será que as pessoas com esta condição podem aprender a ter empatia?
Para responder a essa pergunta, precisamos analisar algumas questões. Para começar, é difícil definir o que é psicopatia, até porque esse não é um diagnóstico propriamente dito. O que nós chamamos de psicopatia são desordens do comportamento, relacionados a transtornos de personalidade antissocial.
Para a psiquiatria, é complicado identificar os traços da psicopatia de maneira objetiva. Mas a condição costuma ser identificada por meio de entrevistas e pesquisas para conhecer a história da pessoa. A partir disso, busca-se observar traços de psicopatia como indiferença a emoções alheia, impulsão e agressividade.
Além disso, da mesma forma que a psicopatia não é um diagnóstico único, a empatia também não é uma emoção simples de definir. E, na verdade, ela pode até ser uma arma na mão de um psicopata mal-intencionado.
(Fonte: Freepik)
As pessoas com traços de psicopatia são extremamente focadas em si mesmas. Por isso, não sentem culpa, vergonha ou remorso. Elas também são impulsivas, capazes de fazer qualquer coisa sem sentir grandes consequências emocionais. Mas isso não quer dizer que elas não tenham nenhum pouquinho de empatia.
Como dissemos, a empatia não é simples de definir — e os especialistas separam duas formas de empatia, nestes casos. A primeira é a empatia emocional, quando você realmente consegue sentir aquilo que o outro está demonstrando. A outra é a empatia cognitiva, na qual você pensa sobre o que o outro está sentindo, baseando-se nos sinais que eles passam.
A falta de empatia emocional é o que nos faz pensar nos psicopatas como pessoas cruéis, que não se importam com ninguém. Porém, eles têm a empatia cognitiva: estudos já demonstraram que psicopatas conseguem identificar emoções de pessoas por fotos, quando estas aparecem de forma bastante clara. Mas, se as fotos mudam rapidamente ou as emoções são ambíguas, os psicopatas podem ter mais dificuldade.
Ou seja, a habilidade de identificar emoções até existe, mas não é natural. E se um psicopata consegue ter a empatia cognitiva, mas lhe falta a emocional, ele poderia identificar emoções alheias para usá-las em benefício próprio — se aproveitando das pessoas.
Por outro lado, se as habilidades existem e, além disso, se manifestam de várias maneiras, é sensato acreditar que elas podem, sim, ser aprendidas.
(Fonte: Freepik)
A ciência ainda não explica, com exatidão, de onde vem a empatia — mas acredita-se que seja uma união de fatores genéticos e sociais. Mas, existindo um fator genético, é importante levar em conta que o cérebro dos psicopatas é bem diferente dos outros.
Há diferença no tamanho e nas funções das amígdalas, que são essenciais ao processamento de emoções. Além disso, as estruturas pré-frontais do cérebro são diferentes nos psicopatas — e elas estão relacionadas à cognição e controle do comportamento. Em resumo, os psicopatas não processam emoções da mesma forma que pessoas essa condição.
Em vista disso, os tratamentos existentes atualmente não focam em ensinar as pessoas com psicopatia a serem empáticas, mas em ajudá-las a se adaptar à sociedade. Com terapia cognitiva-comportamental e remédios, os especialistas buscam reforçar bons comportamentos e tem algum sucesso na adaptação dos pacientes.