Ciência
27/01/2016 às 11:23•4 min de leitura
Normalmente, quando pensamos em múmias, quase sempre nos lembramos dos corpos preservados por milhares de anos pelos antigos egípcios, que são, sem dúvida, os mais famosos do mundo. Contudo, conforme apontou Mollie Bloudoff-Indelicato, da National Geographic, diversos métodos de mumificação já foram empregados ao longo da História e, a seguir, você vai poder conhecer quatro deles um pouco melhor:
A Cultura Chinchorro foi um grupo de pescadores que ocuparam a região costeira do deserto do Atacama, entre o Peru e o Chile, entre os anos de 7000 e 1500 a.C., e suas múmias — que são ainda mais antigas que as egípcias — são os exemplos mais antigos do mundo de corpos que foram deliberadamente preparados para ser preservados.
De acordo com Mollie, para criar as múmias, os responsáveis pelo processo primeiro cortavam as cabeças, os braços e as pernas dos cadáveres, e removiam os órgãos e a carne dos corpos. O cérebro também era retirado, através de um orifício no crânio, e a pele era cuidadosamente separada para, mais tarde, ser novamente “vestida”. Então, os mortos eram preenchidos com brasas de carvão para que eles fossem desidratados.
Depois disso, os corpos eram reconstruídos com o uso de gravetos e pelos de animais e cobertos com uma camada de cinzas brancas. Para finalizar, os mumificadores prendiam um pouco de cabelo nas cabeças das múmias e aplicavam manganês sobre o corpo para que eles ficassem completamente negros.
Como você deve saber, ainda existe uma tribo em Papua Nova Guiné que pratica o canibalismo. No entanto, apesar de ser um costume muito menos sanguinolento, também existem grupos no país que até hoje mumificam seus mortos — em vez de devorá-los. Para isso, os corpos são abertos e colocados em uma cabana onde são defumados até que seus órgãos internos e a pele se tornam completamente desidratados.
Os cadáveres são, então, cobertos com uma camada de argila vermelha — que ajuda a preservar a integridade dos corpos — e colocados em uma espécie de santuário localizado na floresta. Caso você tenha curiosidade em saber como o processo é realizado, o vídeo abaixo, produzido pela National Geographic, mostra um vislumbre de como ele é:
Mas a trajetória dos falecidos não termina com a finalização do processo de mumificação! Eles são trazidos de volta às tribos durante celebrações importantes, e é comum que os parentes os visitem na selva para pedir conselhos.
Os Corpos do Pântano (em tradução livre) são múmias conhecidas pelo nome “Bog Bodies” que foram descobertas em vários países europeus, como a Irlanda, Dinamarca e Inglaterra. Análises revelaram que os cadáveres foram jogados nos pântanos, e o ambiente inóspito das águas — que contam com um baixo teor de oxigênio — preveniu a proliferação das bactérias que normalmente atuam na decomposição.
Com resultado, os corpos se encontram em um impressionante estado de preservação, especialmente considerando que eles têm entre 400 e 4 mil anos! Um dos mais famosos é o que você pode conferir na imagem abaixo, que foi encontrado em 1950 na Dinamarca, tem nada menos do que 2,3 mil aninhos e recebeu o nome de Homem de Tollund:
A múmia acima foi encontrada com uma corda de couro ao redor do pescoço, e os arqueólogos suspeitam que o homem foi enforcado como forma de sacrifício. Por outro lado, os cientistas acreditam que os corpos descobertos na Irlanda pertenciam a antigos monarcas que foram violentamente assassinados por não conseguir proteger seus súditos da fome ou doenças. Veja mais imagens clicadas pela National Geographic na galeria a seguir:
Galeria 1
Nós aqui do Mega Curioso já falamos brevemente a respeito da automumificação, que consistia em um ritual praticado por monges budistas do Japão, China e Índia. Na verdade, o processo pode ser classificado como uma espécie de suicídio prolongado, já que, através dele, os religiosos tiravam a própria vida voluntariamente, e demoravam um longo período de tempo até concluir o procedimento.
Para começar, os monges passavam a comer apenas frutos secos e sementes durante três anos e, depois, se alimentavam de raízes e casca de árvore por mais três anos. O objetivo da dieta restrita era de eliminar toda a gordura corporal e, assim, deixar menos “comida” para os microrganismos responsáveis pela decomposição humana.
Passados os (cerca de) seis anos de dieta restrita, os monges, então, consumiam um chá tóxico que provocava o vômito — para que eles eliminassem os fluídos corporais. Além disso, o veneno da bebida também servia para prevenir a ação das bactérias após a morte, mas, um pouco antes de falecer, os religiosos eram colocados em tumbas dotadas apenas com uma pequena passagem de ar e um sino.
Os monges adotavam a posição de lótus no interior das sepulturas e tocavam o sino diariamente para avisar que ainda permaneciam vivos. Por fim, quando o sinal cessava, a abertura de ar era fechada e a tumba lacrada. Segundo Mollie, registros históricos indicam que essa prática existe desde pelo menos o século 12, e foram encontradas ao menos 24 corpos de religiosos que se submeteram a ela.
Não tem como falar de múmias e diferentes processos de mumificação sem incluir as clássicas egípcias na lista, não é mesmo? De acordo com Mollie, o processo praticado no Egito Antigo geralmente durava 70 dias, e começava com a liquefação do cérebro. Depois, os sacerdotes removiam todos os órgãos do corpo — com exceção do coração, que era considerado parte integral do ser e centro da inteligência — e os guardavam em potes.
O próximo passo envolvia desidratar o corpo com um mineral chamado natrão e, então, envolver o cadáver com metros e mais metros de linho. Depois de ser completamente mumificado, o corpo era guardado no interior de um ou mais sarcófagos e colocado no interior da tumba — com tudo o que o falecido precisaria no pós-vida.
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