Ciência
10/04/2018 às 03:00•4 min de leitura
É considerado um serial killer (assassino em série) um criminoso que comete dois ou mais assassinatos com um perfil psicopata, seguindo sempre o mesmo modus operandi e deixando sempre um tipo de assinatura macabra.
No Brasil, foram muitos assassinos em série que marcaram a nossa história policial com crimes bárbaros e perfis assustadores, agindo com os mesmos rituais antes e durante os assassinatos das vítimas. Confira abaixo alguns dos primeiros serial killers do Brasil e também outros (entre muitos) que aterrorizaram a população.
Fonte da imagem: Reprodução/One Way Pagina
Em 1863, na província de Porto Alegre, José Ramos era muito famoso por suas linguiças de fabricação própria que produzia junto com a mulher Catarina. José era tido como um homem elegante e apreciador das artes. Apesar desse perfil aparentemente honesto, supõe-se que ele produzia suas linguiças com uma carne especial, que era extraída diretamente de suas vítimas.
Ele e sua mulher atraíam pessoas para a sua casa e as envolviam com boa comida e a promessa de uma noite quente com Catarina. No entanto, as vítimas eram logo atingidas com um golpe de machadinha na cabeça. José tinha a ajuda do colega, o açougueiro Carlos Claussner, para esquartejar e fatiar a carne das vítimas para depois ser moída. Mesmo sendo seu amigo, Carlos também foi morto por Ramos devido a desentendimentos.
Os crimes só foram descobertos em 1894, chocando cerca de 20 mil habitantes da província na época, muito tempo depois de a vizinhança toda do açougue já ter se deliciado com as linguiças de José Ramos.
Ele foi condenado à prisão perpétua e morreu na cadeia. Catarina foi para um hospício, onde também ficou até morrer. O número de vítimas é desconhecido, mas existe o registro de alguns crimes e José Ramos pode ser considerado o primeiro assassino em série brasileiro, ao lado de Preto Amaral, que você confere a seguir.
Fonte da imagem: Reprodução/Loucos e Perigosos
José Augusto Amaral foi escravo até os 17 anos, quando ganhou a liberdade pela Lei Áurea. Logo, ele entrou para o exército e foi promovido a tenente na Guerra de Canudos, em 1897, integrou batalhões de polícia e tentou desertar, quando foi preso.
Ao sair da prisão, foi para São Paulo, onde passou a fazer bicos, mas foi preso novamente com a acusação de estrangulamento, estupro e morte de três pessoas (todos eram homens), sendo duas delas menores de idade. A forma de atrair era sempre com uma conversa amigável, pagando um café ou mesmo presenteando com alguma coisa para depois dar o bote.
A primeira vítima tinha 27 anos, a segunda tinha apenas 10 e foi encontrada dias depois sem os braços. A terceira vítima tinha 15 anos de idade, mas, até então, a polícia não tinha nenhuma pista. Então, um engraxate de nove anos, que seria mais uma vítima, conseguiu escapar de Amaral e contou à polícia. Amaral foi preso, torturado e confessou os crimes com detalhes. Ele morreu cinco meses depois de ser preso.
Fonte da imagem: Reprodução/Wikipedia
Em 1927, Febrônio aterrorizou a população do Rio de Janeiro. Ele se deu o apelido de “Filho da Luz”, pois afirmava estar lutando contra o demônio. Seus crimes foram marcados pela situação em que as vítimas foram encontradas: nuas e tatuadas com as letras DCVXVI, sendo que foram mortas por estupro seguido de estrangulamento.
Ele abordava as vítimas (também todos eram homens jovens ou crianças) com promessa de emprego e, depois, as levava para a Ilha do Ribeiro, onde praticava os crimes e abandonava os corpos marcados. Ele foi preso, depois de alguns familiares das vítimas reconhecerem-no, e assumiu alguns dos crimes. O criminoso morreu aos 89 anos em um manicômio.
Fonte da imagem: Shutterstock
Sempre seguindo o mesmo esquema de assassinato, o Monstro do Morumbi tocou o terror em São Paulo no final dos anos 60 e começo dos 70. Ao todo foram sete mulheres brutalmente assassinadas por estrangulamento executadas por José Paes Bezerra, que também utilizou o nome de José Guerra Leitão e ficou conhecido como o “Monstro do Morumbi”.
Os corpos das mulheres mortas eram abandonados em terrenos baldios do Morumbi sempre com as mesmas características: nuas ou seminuas com pés e mãos amarrados com uma corda improvisada com pedaços de suas roupas (meias de náilon, sutiãs, calcinhas, lenços, blusas, saias). A boca, o nariz e os ouvidos estavam sempre tampados com pedaços de jornal e papel amassados, além de uma tira de tecido que servia como mordaça e como um objeto de enforcamento.
Além de matar, Bezerra levava o dinheiro, joias e uma peça de roupa, que dava de presente à sua esposa que, mais tarde, o denunciou à polícia por não aguentar mais a situação. Com isso, ele fugiu para o Pará, onde matou mais três mulheres, mas logo foi preso e confessou os crimes.
Segundo a polícia, a razão de seus crimes poderia estar ligada a sua infância traumática, pois ele escolhia as vítimas que tinham características físicas parecidas com as da sua mãe, que era prostituta e o levava aos programas quando ele era criança. Ele assumiu ter matado mais de 24 mulheres, mas foi condenado pelo assassinato de apenas quatro vítimas, pois foram as relacionadas a provas concretas. Ele cumpriu a pena máxima de 30 anos, foi libertado em 2001 e ninguém sabe por onde ele anda atualmente.
Fonte da imagem: Reprodução/Isso é Bizarro
O motoboy Francisco de Assis Pereira tinha uma forma de atrair as suas vítimas que se repetiu em todos os crimes: ele prometia uma sessão de fotos para moças que pretendiam seguir carreira de modelo fotográfico.
Uma vez que ele conseguia levá-las para o Parque do Estado, na divisa da cidade de São Paulo com Diadema, Francisco as estuprava, espancava e matava por estrangulamento com cadarço de sapato ou uma cordinha que carregava sempre em sua pochete.
Conhecido como Maníaco de Parque, Francisco conseguiu atrair 14 mulheres para o local, sendo que cinco delas conseguiram escapar com vida depois de ser estupradas. Após ter o seu retrato falado divulgado, o Maníaco fugiu, mas foi capturado uma semana depois no Rio Grande do Sul, quando um pescador o reconheceu e o denunciou à polícia local.
Francisco confessou que havia matado todas as nove mulheres encontradas no Parque do Estado e foi condenado a 274 anos de prisão. Sobre o motivo que o levou a cometer os crimes, o assassino dizia que “tinha um lado ruim dentro dele e que não conseguia controlar” e também afirmou que foi molestado quando era criança por uma tia e violentado por um patrão na adolescência.
*Publicado originalmente em 20/11/2013.