Artes/cultura
20/02/2018 às 06:30•2 min de leitura
Você já deve ter ouvido que as pirâmides que compõem a Necrópole de Gizé, no Egito, apresentam um alinhamento peculiar, certo? Aliás, a curiosa forma como essas monumentais estruturas se encontram organizadas despertaram o surgimento de diversas teorias da conspiração — você pode conferir algumas delas (relacionadas com sua disposição ou não) através deste link e deste também.
(Aloha Net)
Não é para menos que o posicionamento das pirâmides desperta tanto interesse! Veja o caso da Pirâmide de Quéops, por exemplo, que, apesar de ser ligeiramente “torta”, foi construída há cerca de 4,5 mil anos e se encontra quase perfeitamente alinhada com os pontos cardeais, seguindo a sequência norte – sul – leste – oeste.
E a Pirâmide de Quéops não é a única: segundo Owen Jarus, do site Live Science, coincidentemente, as três maiores pirâmides que existem no Egito — a de Quéops e Quéfren, na Necrópole de Gizé, e a Pirâmide Vermelha, que fica em Dahshur — estão dispostas da mesma maneira.
Mais especificamente, de acordo com Owen, as pirâmides ficam posicionadas um tiquinho no sentido anti-horário com respeito aos pontos cardeais, como se houvesse ocorrido um pequeno erro de cálculo — peculiaridade que levou alguns cientistas a especularem que os arquitetos dos monumentos podem ter se baseado na sombra do Sol ou, ainda, na localização da Estrela Polar para erguer as estruturas.
(Ancient Code)
Mas como seria estranho que se tratasse de um “erro” cometido em mais de um monumento, um engenheiro e arqueólogo chamado Glen Dash resolveu testar algumas possibilidades — e acredita ter desvendado o mistério sobre o alinhamento das pirâmides. Segundo esse cara, a disposição das estruturas possivelmente foi baseada no equinócio de outono, momento em que o Sol está no equador celeste e o dia e a noite têm durações aproximadamente iguais em todo o mundo.
O equinócio, como você sabe, ocorre duas vezes por ano, um no dia 20 de março (referente ao equinócio de primavera ou vernal no hemisfério norte) e o outro, no dia 22 ou 23 de setembro (que consiste no equinócio outonal no hemisfério norte). Só que ninguém havia considerado esse momento astronômico para calcular o alinhamento das pirâmides — até que Dash teve a ideia de fazer isso.
Para fazer suas estimativas, o pesquisador usou um gnômon — uma espécie de vara que faz parte das peças que compõem os relógios solares — e conduziu experimentos durante o equinócio outonal que ocorreu em 2016. Segundo Fiona MacDonald, do site Science Alert, Dash fez medições da projeção da sombra do Sol em intervalos regulares, notando que os pontos de medição formavam uma curva.
Depois, no final do dia, ele usou um pedaço de barbante preso ao gnômon para identificar dois pontos traçados na curva e descobriu que eles criavam uma linha praticamente perfeita que corria de leste a oeste. Calma, caro leitor, fica mais fácil de entender a coisa toda vendo a imagem abaixo:
(Science Alert/Glen Dash)
Além de notar que o alinhamento parece estar relacionado com a sombra projetada durante o equinócio de outono, de acordo com Fiona, o pesquisador também observou que, seguindo esse alinhamento, as pirâmides efetivamente apresentariam uma disposição ligeiramente “torcida” no sentido anti-horário — semelhante à que os monumentos de Gizé e Dahshur apresentam.
Você notou que usamos palavras como “parece” e “semelhante” para falar da descoberta? É que, embora os cálculos e experimentos façam sentido e aparentemente expliquem no que os construtores se basearam para alinhar as pirâmides, ninguém encontrou ainda documentos ou registros históricos que descrevam como esses monumentos realmente foram concebidos. Portanto, é possível que Dash tenha decifrado o mistério sobre o alinhamento dessas estruturas, mas, na falta de evidências concretas, é impossível afirmar com absoluta certeza.