Ciência
18/03/2021 às 09:00•2 min de leitura
Se você já conferiu o calendário, sabe que falta pouco tempo para a Páscoa, que em 2021 acontecerá no dia 4 de abril. Como de costume, os supermercados e as lojas (presenciais e online) estão repletas de opções dos tradicionais ovos de Páscoa, nos seus mais diferentes tamanhos, sabores e propostas. O que todos têm em comum? O preço salgado em relação a chocolates produzidos em outros formatos.
De acordo com Ubiracy Fonsêca, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), os custos de produção e logística no caso dos ovos de Páscoa são bem superiores aos de outros tipos de chocolate.
(Fonte: Unsplash)
Nessa conta entram diversos fatores, como a contratação de outros funcionários para atender à grande demanda do período e o armazenamento com cuidados adicionais. Além disso, Milan explica que é necessário considerar a parte das embalagens, que normalmente são mais reforçadas e sofisticadas, e dos brindes que vão dentro de vários modelos, os quais exigem o pagamento de royalties.
Há também a questão dos custos envolvidos no transporte. Tendo em vista que um caminhão capaz de transportar 12 toneladas de chocolate em barra só acomoda até 3 toneladas de ovos de Páscoa — devido à maior fragilidade do produto —, isso significa que sempre são necessárias mais viagens.
Ao mesmo tempo, é importante ressaltar a influência dos hábitos de consumo, já que os preços nesses contextos têm relação direta com o valor percebido por parte dos consumidores.
Apesar dos números mais altos nas etiquetas, muitas pessoas ainda consideram os ovos de Páscoa suficientemente importantes mesmo não sendo itens essenciais, então pagam os preços definidos pelas empresas — ainda que reclamem disso.
“Do ponto de vista simbólico, a questão é que as pessoas atribuem ao ovo de Páscoa o símbolo de um momento especial [...] É uma troca social. As pessoas querem presentear com o artigo típico, mesmo sabendo que poderiam dar barras de chocolate ou caixas de bombom”, explica a economista Sílvia Borges Correa, professora da ESPM Rio.
(Fonte: Unsplash)
Isso explica também por que todos os anos vários consumidores preferem comprar os ovos de Páscoa antes da data comemorativa, mesmo sabendo que os preços vão diminuir poucos dias depois. Trata-se de um valor emocional. “Todo ritual, como a troca de ovos na Páscoa, é uma ruptura do cotidiano, então tem momento de começar a acabar. Por isso, a pessoa quer participar de forma completa”, afirma Sílvia.
Mesmo com os preços ainda mais elevados neste ano, em virtude especialmente da inflação de custo de insumos utilizados na produção e da valorização do dólar, os ovos chegaram antes às lojas brasileiras, e os supermercados projetam para 2021 um crescimento de 10% a 15% nas vendas de Páscoa em comparação com as de 2020.
“Vai ser uma Páscoa mais planejada. O consumidor não está deixando para fazer suas compras na última semana, para evitar aglomerações”, explica Márcio Milan, vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).