HIV: como o vírus da Aids se tornou algo tratável?

19/10/2021 às 13:003 min de leitura

Há mais de 40 anos, o mundo passou a aprender sobre uma nova doença: a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids). Durante a década de 1980, cientistas faziam o máximo de esforço para tentar compreender o que estava causando uma epidemia de infecções que estavam matando milhares de pessoas.

Foi então que um novo vírus chamado Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) foi descoberto. Desde então, o HIV deixou de ser considerado uma “sentença de morte” e passou a ser uma doença crônica controlável. Então, vamos entender um pouco mais sobre a história desse problema de saúde e como tudo mudou com a chegada das pesquisas científicas.

Origem do HIV

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

A origem do HIV tem sido objeto de estudo da comunidade científica desde a sua detecção, que ocorreu no início da década de 1980. Atualmente, sabe-se que o HIV é um tipo de lentivírus — vírus com longo período de incubação associados a doenças neurológicas e imunossupressoras.

De maneira muito parecida, o Vírus da Imunodeficiência Símia (SIV) ataca o sistema imunológico dos macacos e tem muitas semelhanças com o HIV. Dessa forma, pesquisadores concluíram que o vírus na versão humana teve origem nos chimpanzés e de alguma forma foi transferido de uma espécie para outra em algum período da história.

Apesar de muitas pessoas acreditarem que a epidemia de HIV começou nos anos 80 nos Estados Unidos, estudos mostram que já existiam traços do vírus na República do Congo em 1937 — uma região conhecida pela alta população de migrantes e também pelo comércio sexual.

Estigma e preconceito

(Fonte: Pixabay)(Fonte: Pixabay)

Em 1981, um grande número de casos de uma doença rara estavam chamando atenção nos EUA. Entre grupos de homossexuais nos estados de Nova York e da Califórnia, casos acima do normal de Sarcoma de Kaposi (um tipo de câncer raro) e uma infecção pulmonar chamada PCP eram relatados.

Na época, ninguém sabia como essas doenças estavam se espalhando, mas sabiam que essas condições estavam associadas ao sistema imunológico. Logo, os médicos concluíram que se tratava de uma doença infecciosa, a qual abria caminho para outras doenças oportunistas.

Como a maioria dos casos naquele período foram descobertos em homossexuais, criou-se um enorme preconceito a respeito do tema. Ainda sem nome, a doença infecciosa passou a ser chamada de vários nomes, os quais estavam associados à comunidade LGBTQI+ na maior parte do tempo.

Somente em meados de 1982 que os pesquisadores passaram a perceber que a doença também estava se espalhando em outros grupos, como hemofílicos e usuários de drogas injetáveis. Foi daí que surgiu o nome para a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, popularmente chamada de Aids. 

Controlando a epidemia

(Fonte: Pixabay)(Fonte: Pixabay)

Antes de 1996, quando o primeiro coquetel de medicamentos foi inventado para a doença, controlar o HIV era simplesmente um caos para os pacientes. Todos os remédios disponíveis eram altamente intoxicantes e não suprimiam o vírus muito bem. A maioria das pessoas precisava tomar de quatro a cinco pílulas a cada quatro horas e sofriam com efeitos colaterais terríveis, como vômitos, náusea e dor nos nervos.

Durante esse período, era comum que os portadores de HIV evoluíssem para quadros graves de Aids e morressem. No Brasil, a doença chegou a matar nomes importantes do cenário nacional como o ator Lauro Corona, e os cantores Renato Russo e Cazuza. Entretanto, tudo começou a mudar graças aos avanços da medicina.

Após quase duas décadas de conhecimento do vírus, pesquisadores descobriram uma combinação de medicamentos capaz de suprimir a replicação do vírus ou até mesmo sua disseminação para outras pessoas. Isso permitiu que o sistema imunológico dos enfermos pudesse se recuperar e combater outras infecções.

Essa descoberta simplesmente transformou a vida de diversas pessoas, visto que a Aids se manifesta em indivíduos com HIV que tiveram o sistema imunológico altamente danificado. Dado que esses novos medicamentos conseguem suprimir o vírus e prevenir danos ao sistema autoimune, eles também impedem o desenvolvimento da Aids.

HIV nos tempos modernos

(Fonte: Unsplash)(Fonte: Unsplash)

Segundo os dados do governo brasileiro, atualmente existem cerca de 920 mil pessoas com HIV no Brasil. Dessas, 89% já foram diagnosticadas e 77% fazem tratamento com antirretroviral. Por fim, 94% das pessoas em tratamento não transmitem o vírus por via sexual e atingiram carga viral indetectável.

O Ministério da Saúde estima que 10 mil casos de Aids no país foram evitados entre 2016 e 2019. Antigamente, buscar ajuda para o tratamento para HIV era um tanto quanto complicado, visto que os medicamentos existentes eram muito caros e boa parcela das pessoas não tinha dinheiro para comprá-los.

Com o passar das décadas, porém, houve uma redução considerável dos preços e o surgimento de programas de financiamento para pacientes com HIV. Entretanto, vale ressaltar que o HIV não é completamente curável e o tratamento precisa ser realizado pelo resto da vida.

Embora o vírus possa ser suprimido, isso não significa que doenças secundárias causadas pelo HIV não possam surgir com o passar do tempo. Por esse motivo, o HIV é considerado fator de risco para doenças cardiovasculares, câncer, doenças renais, e doenças ósseas como a osteoporose.

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