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10/04/2022 às 06:00•2 min de leitura
Quem é fumante costuma perceber que o seu corpo passou a produzir uma quantidade maior de muco, e a necessidade de expectorar o catarro se torna muito mais frequente. Mas qual é o motivo disso acontecer? A verdade é que a fumaça do cigarro suprime uma proteína cuja função é evitar uma superpopulação de células produtoras de muco nos pulmões.
Segundo o estudo feito pelos cientistas do Lovelace Respiratory Research Institute, nos Estados Unidos, a supressão da chamada proteína Bik costuma causar o aumento de células epiteliais nos tecidos das vias aéreas e a substituição reversível das células mucosas daquela região. Entenda mais nos próximos parágrafos.
(Fonte: Shutterstock)
Conforme observado pelo pesquisador Yohannes Tesfaigzi e seus colegas, a secreção excessiva de muco é uma característica da bronquite crônica. Inclusive, esse é um problema respiratório que afeta muitos fumantes e está diretamente relacionado à doença pulmonar obstrutiva crônica.
Em geral, a secreção de muco cresce no epitélio das vias aéreas em resposta a bactérias, agentes infecciosos virais ou poluentes ambientais. A resposta inflamatória do corpo ao cigarro causa uma proliferação dessas células epiteliais que, por sua vez, são responsáveis por produzir mais da gosmenta substância protetora.
De acordo com Tesfaigzi, o número dessas células chega a ter uma queda de 30% após o fim da resposta inflamatória, um declínio impulsionado pela presença da família de proteínas Bcl-2. Conforme divulgado pelos pesquisadores, as proteínas STAT1 e Bik são as mais encontradas em camundongos — algo que também poderia acontecer com os seres humanos.
(Fonte: Shutterstock)
Para testar a interação das células em seres humanos, Tesfaigzi e sua equipe analisaram primeiro células obtidas por escovação brônquica de 20 voluntários, incluindo 11 com bronquite crônica e nove sem doença pulmonar. Nessa situação, a bronquite crônica foi definida como tosse diária com produção de catarro por 3 meses consecutivos e por 2 anos também consecutivos.
Em comparação com aqueles sem doença pulmonar, os pacientes com bronquite observaram uma redução considerável da proteína Bik em suas células. Para que mais dados ajudassem na descoberta, os pesquisadores também realizaram a autópsia do corpo de quatro fumantes, seis ex-fumantes que relataram bronquite crônica, seis ex-fumantes que não tiveram bronquite crônica e cinco pessoas que nunca fumaram.
Foi relatado que os níveis de Bik foram significativamente reduzidos no tecido das vias aéreas dos ex-fumantes com bronquite, em comparação com os ex-fumantes que não tinham a doença. Na visão dos estudiosos, bastam algumas semanas de exposição ao cigarro para que o corpo observe um aumento considerável na produção de muco.
Os cientistas ainda ressaltaram que a recente descoberta deve servir como base para investigar terapias que podem restaurar a quantidade da proteína Bik nas vias aéreas, o que seria importante para reduzir o número de células produtoras de muco. Logo, pacientes que sofrem de bronquite crônica poderiam respirar mais tranquilamente.