Copa do Mundo: como o cabeceio pode ser perigoso no futebol?

23/11/2022 às 04:002 min de leitura

Quem acompanhou os primeiros jogos da Copa do Mundo 2022, no Qatar, provavelmente se surpreendeu com os fortes impactos de cabeça sofridos pelos atletas Ali Beiranvand (Irã) e Al-Shahrani (Arábia Saudita) — inclusive com o segundo ficando inconsciente por alguns instantes.

A verdade é que, por ser um esporte de contato, o futebol expõe os jogadores a algumas situações delicadas e de riscos potenciais. Mas não é só isso! Um estudo recente publicado na Radiology constatou que o simples ato de cabecear uma bola pode causar alterações na função do cérebro de maneira muito semelhante àqueles observados em pessoas com concussão.

Cabeça em risco

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

Segundo o artigo, futebolistas que cabeceiam entre 885 a 1.550 vezes em um ano possuem maior risco de apresentar sinais parecidos com o de uma concussão mesmo sem nunca ter sofrido uma concussão real em suas vidas. Porém, vale ressaltar que estudos realizando uma ligação entre o cabeceio no futebol e a função cognitiva sempre tiveram resultados mistos na ciência.

A revisão da literatura científica pode até mostrar que o cabeceio está, de fato, associado a uma função cognitiva — memória, atenção e velocidade de raciocínio — pior entre jogadores de futebol do ensino médio, adultos amadores e profissionais. No entanto, muitos desses estudos combinam o cabeceio da bola com outras causas de lesão na cabeça, como colidir com outro jogador ou a trave, ou bater no chão.

Na visão do Pós-PhD em Neurociência Prof. Dr. Fabiano de Abreu Agrela, os estudos que reconhecem o ato de cabecear sozinho como o causador das alterações mentais, mesmo sem concussão reconhecida, permanecem bastante obscuros e controversos, conforme pode ser observado na atualização da diretriz de 2013 da Academia Americana de Neurologia sobre concussão nos esportes.

Diagnóstico de concussões

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

Para Agrela, cabecear uma bola de futebol que viaja em alta velocidade com toda certeza poderia fazer com que um jogador sofresse uma forma leve de lesão cerebral traumática, ou Encefalopatia Traumática Crônica (ETC). "A concussão é diagnosticada quando os sintomas - como confusão, desorientação, amnésia, tontura, dor de cabeça e outros - acompanham um golpe na cabeça", disse.

Na maioria dos casos, as pessoas conseguem se recuperar completamente de uma concussão em dias ou semanas. O problema, no entanto, é que a repetição dessas lesões pode apresentar sintomas persistentes. Nos Estados Unidos, onde o futebol americano apresenta impactos de cabeça em alta velocidade constantes, casos de ETC se tornaram um verdadeiro problema — incluindo quadros intensos de depressão entre jogadores e até mesmo casos de suicídio. 

Uma pessoa que sofre com sintomas permanentes da concussão podem passar a ter problemas sérios na função cognitiva, como dificuldades para pensar ou se lembrar das coisas. “A concussão é uma alteração da função mental ou do nível de consciência, causada por um traumatismo craniano. Uma concussão pode envolver perda de consciência, pode ocorrer sem danos óbvios nas estruturas cerebrais e dura menos de seis horas”, explicou o especialista.

Sendo assim, é em provável que a saúde mental dos futebolistas talvez precise ser levada em consideração pelas ligas profissionais no futuro do esporte.

Fonte

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