“Ameba zumbi” causa morte neuronal e é fatal em 97% dos casos

08/03/2023 às 02:002 min de leitura

O caso de um homem não identificado que faleceu devido à infecção causada por uma ameba conhecida como “comedora de cérebros”, chamada Naegleria fowleri, gerou medo em muitas pessoas, principalmente pela forma como o contágio ocorre: pela higiene nasal.

A Naegleria fowleri é um microorganismo encontrado na terra e no ar, mas mais comumente na água doce, geralmente em temperaturas mais elevadas, por volta de 46 °C, normalmente presente em lagos ou rios de água morna, águas termais, água de torneira, aquecedores e, mais raramente, em piscinas e poços de água não tratados.

As infecções por Naegleria fowleri são consideradas raras e não há estudos suficientes para entendê-la melhor e identificar medicamentos eficazes, por isso ela possui altas taxas de mortalidade, superior a 97% — dos 111 casos já registrados nos EUA apenas um sobreviveu à infecção.

Como ocorre a infecção da ameba "comedora de cérebros"?

Geralmente, sua infecção ocorre pelo nariz, seja por práticas religiosas, higienização do local ou natação. Assim, a ameba chegar até o cérebro por meio do nervo olfatório em uma placa óssea do crânio, causando uma infecção chamada PAM (meningoencefalite amebiana primária).

A Naegleria fowleri entra no organismo na forma de trofozoíto — um estágio adulto de microrganismos utilizado para a alimentação. Esse estado lhe confere estruturas capazes de permitir a ingestão de tecidos do corpo humano, o que lhe possibilita “comer” o tecido cerebral da pessoa infectada.

A ameba possui adesinas na sua superfície, componentes que facilitam a sua adesão às células do organismo, e ao acessar as células nervosas, a Naegleria fowleri consegue absorvê-las por meio uma estrutura conhecida como “copos de comida”. Além disso, ela expressa uma proteína citolítica formadora de poros que despolariza o potencial de membrana da célula, causando-lhe danos.

A ameba também é capaz de liberar enzimas hidrolíticas, como neuraminidases, esfingosina e colina, que danificam a membrana das células, formada majoritariamente por lipídios, provocando perda de funções nos tecidos nervosos.

Como o corpo enfrenta a Naegleria fowleri?

O organismo apresenta uma forte resposta imunológica, que associada aos efeitos da ameba resulta em graves danos ao sistema nervoso central, gerando sintomas que podem ir de dores de cabeça, vômito, perda de equilíbrio e desorientação — similares aos causados por meningite —, a problemas mais graves, como convulsões, rigidez no pescoço, alucinações e coma.

Normalmente, o diagnóstico de PAM é feito em pessoas que apresentam sintomas que afetam o sistema nervoso central e tenham histórico de contato com água contaminada. Também podem ser utilizados exames de imagem, como tomografia computadorizada e ressonância magnética, além da utilização da punção cerebral para obter amostras de líquido cefalorraquidiano para testagem, mas mais de 75% dos diagnósticos só são feitos após a morte do paciente.

No entanto, se for ingerida água contaminada com Naegleria fowleri, não há riscos de infecção, pois o ácido estomacal mata o microorganismo. Por isso, a principal prevenção é evitar o contato da água com o nariz, e quando for necessário, optar por água destilada ou estéril e usar prendedores para o nariz durante a prática de natação. A média de idade de indivíduos afetados é de 12 anos, por isso é importante ter atenção a crianças brincando em rios e lagos.

Atualmente, apesar de em casos da doença alguns medicamentos, como azitromicina, fluconazol e rifampicina, possam ser administrados por via intravenosa ou oral, seus efeitos são limitados, o que pode ser ainda mais dificultado, pois em grande parte dos casos a morte ocorre de um a 18 dias após o início da manifestação dos sintomas.

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Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, colunista do Mega Curioso, é PhD em Neurociências, mestre em Psicologia, pós-graduado em Neuropsicologia entre outras pós-graduações, licenciado em Biologia e em História, tecnólogo em Antropologia, jornalista, especializado em programação Python, Inteligência Artificial e tem formação profissional em Nutrição Clínica. Atualmente, é diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito; membro ativo da Redilat; chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, cientista no Hospital Martin Dockweiler, e professor e investigador cientista na Universidad Santander.

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