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11/04/2023 às 02:00•2 min de leitura
Para que um tratamento médico chegue aos pacientes, é necessário que uma longa pesquisa científica seja feita antes. Até aí, nenhuma novidade, certo? Acontece que a forma como essas pesquisas são conduzidas podem tornar esses tratamentos menos eficientes para determinados grupos sociais, como as mulheres.
Há décadas, pesquisadores vêm refletindo sobre como a maneira como pesquisas médicas são conduzidas podem gerar tratamentos médicos menos eficazes para as mulheres — e em alguns casos, até perigosos.
Um exemplo disso está na legislação dos EUA. Uma lei de 1977 tinha como objetivo “proteger a capacidade reprodutiva das mulheres em ensaios clínicos”. Dessa forma, a participação de voluntárias em estudos desse tipo foi desestimulada — o que gerou tratamentos aprovados pelo governo que são potencialmente perigosos para elas.
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O Zolpidem é uma droga popular nos EUA, usada para tratar a insônia. Contudo, seus efeitos colaterais são muitos, como uma incapacidade temporária para operar máquinas pesadas, como carros.
Mas um estudo da FDA, agência estadunidense para aprovação de medicamentos, examinou amostras de sangue de pacientes que consumiam o medicamento. O resultado mostrou que a presença da substância no sangue das mulheres era significativamente maior do que em homens, o que aumentava os riscos delas se acidentarem.
O medicamento era vendido desde 1993 e sua dosagem para as mulheres só foi alterada em 2013.
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Os testes de seguranças de automóveis também mostram como a disparidade de gênero pode prejudicar as mulheres. Um estudo conduzido pelo Departamento de Transporte dos EUA revelou que as mulheres têm 17% mais chances de morrer em acidentes de trânsito do que os homens.
Em partes, isso acontece por que os equipamentos de segurança, como cintos e airbags, são testados usando manequins que consideram as medidas de um homem médio dos EUA.
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Um levantamento feito pela Academic Emergency Medicine, dos EUA, mostrou que as pacientes da emergência recebem menos analgésicos do que os homens, mesmo relatando a mesma intensidade de dor.
O modo como os estudos médicos são conduzidos, priorizando homens brancos nos ensaios clínicos, prejudica ainda mais as pessoas de outras raças, fazendo com que os tratamentos se tornem menos seguros e eficazes.
Um relatório publicado no American Journal of Public Health mostrou que as mulheres negras têm cinco vezes mais chances de morrerem de cardiomiopatia, além de terem distúrbios relacionados à pressão arterial.
É importante esclarecer que os dados citados nesta matéria consideram a realidade dos Estados Unidos. Embora a falta de representatividade de gênero e raça na condução de estudos clínicos na área de saúde seja um problema global, não é possível afirmar que as consequências desse cenário sejam exatamente as mesmas em todos os países.