Artes/cultura
13/04/2024 às 18:00•2 min de leituraAtualizado em 13/04/2024 às 18:00
Um estudo sobre a doença de Alzheimer, publicado recentemente na revista Nature, está fornecendo pistas importantes sobre as causas que atuam no surgimento dessa condição.
Conhecida por provocar perda de memória e a confusão mental, o Alzheimer trata-se de uma doença que também desencadeia outros sintomas menos conhecidos, como mudanças de humor e alterações no sono. Estima-se que, apenas no Brasil, mais de 1,2 milhão de pessoas vivem com alguma forma de demência. E devido ao envelhecimento da população, existe a preocupação de que os casos aumentem.
Ainda vale destacar que, apesar do Alzheimer já ter sido explorado em uma série de estudos, ainda há incógnitas que dificultam aos pesquisadores ter uma visão clara das causas por trás do seu surgimento. O trabalho realizado por estudiosos da Universidade Stanford se mostra importante justamente por esse motivo.
Curiosamente, os resultados obtidos nesse estudo acabaram por reforçar algo que já havia sido descoberto anteriormente sobre a doença. No século XX, foi percebido que existiam placas gordurosas na região cerebral entre as pessoas que foram vítimas e morreram em virtude dessa condição.
Porém, os motivos por trás disso foram pouco explorados. E, no novo estudo, ao analisar amostras de tecido cerebral de pessoas que morreram de Alzheimer, pesquisadores realizaram o sequenciamento do RNA para descobrir mais sobre a produção de proteínas por células específicas.
Para isso, eles analisaram dois genes que atuam nessa região do organismo: ao comparar aqueles que apresentavam o gene APOE4 com o APOE3, foi identificado que os que tinham a variante do primeiro gene apresentavam níveis mais elevados de uma enzima. Ela foi considerada responsável por aumentar a quantidade de gordura, facilitando seu deslocamento.
Ou seja, a partir dessa análise, o estudo sugere que o acúmulo de gordura nas células do cérebro é um fator de risco para o desenvolvimento da doença.
Em seguida, ainda foi conduzido um segundo experimento importante. Em células de pessoas vivas e que apresentavam essa mesma variante APOE4, foi identificado como esse mecanismo atua: quando a proteína beta-amiloide era aplicada nas células, o tecido cerebral acumulava gordura.
Mas afinal, como se dá todo esse processo, na prática? A conclusão é que a partir desse aumento de gordura, os neurônios são afetados, uma vez que ocorre o acúmulo da proteína TAU. Assim, os neurônios são gradualmente inibidos ou morrem, o que leva ao desenvolvimento do Alzheimer.
Pesquisadores também entendem que é necessário investir em mais estudos para estabelecer uma associação mais concreta entre essas alterações, mas o mecanismo acende um ponto de alerta e pode promover um olhar mais direcionado para a evolução da doença, bem como para a oferta de futuros tratamentos e formas de evitar o seu surgimento por meio da interrupção desse processo.